Os estandes com livros a R$ 10, a proximidade do Dia dos Pais e os lançamentos de autores populares entre adolescentes conseguiram reunir mais pessoas no Pavilhão do Anhembi neste sábado (11), penúltimo dia da Bienal do Livro, do que no último fim de semana.
Essa, pelo menos, é a impressão das editoras consultadas pela Folha.
Na entrada principal da feira, o público se movimentava a passos lentos e se aglomerava em torno das pontas de estoque, que chegavam a vender livros a R$ 2.
Mas não só os sebos e os estandes de livrarias se aproveitavam de preços chamativos para atrair o público. Editoras maiores, como a Planeta, também organizaram seções com obras mais baratas.
Segundo a vendedora Vera Guimarães, uma das que cuida do estande da editora, os livros com grandes descontos, vendidos a um preço médio de R$ 10, foram bastante procurados pelo público. Muitos, inclusive, já tinham esgotado.
As pessoas também se concentravam em torno do estande da editora e formavam filas longas, aguardando com livros nas mãos pelo autógrafo de ídolos muitas vezes não necessariamente do campo literário.
A Planeta lança neste sábado, por exemplo, obras do da youtuber de games Bibi Tatto.
Espaços menores, como o da editora Todavia, que participa de sua primeira Bienal, tinham público menor. Mesmo assim, segundo o diretor comercial Marcelo Levy, as vendas têm sido satisfatórias.
Com descontos de 10% a 40% no catálogo, os livros da editora são comprados em pares pelo público, que quer levar para casa as sacolas de pano personalizadas com o logo da Todavia. Elas são distribuídas como brinde para quem compra dois ou mais livros de uma vez.
Em vez de apostar em descontos sobre o preço de capa, a editora Draco, especializada em quadrinhos e literatura fantástica, vende os livros com desconto progressivo. Na compra de dois, por exemplo, ganha-se 20%; na compra de três, 30%, e assim por diante, até o máximo de 50%.
De acordo com Raphael Fernandes, editor da Draco, apesar de a recepção e as vendas estarem melhores do que as de 2016, quando estrearam estande na Bienal, o grupo vem tendo problemas com consumidores vêm reclamando dos preços.
“As pessoas vêm com uma proposta de preço que muitas vezes não paga nem o custo de produção do livro.”
Apesar de isso parecer, em um primeiro momento, reflexo da grande quantidade de expositores com obras a preços muito baixos, Fernandes diz acreditar que o raciocínio certo seja o contrário.
“Não acho que os estandes de encalhe atrapalhem as editoras; acho que na verdade eles são um reflexo da crise pela qual o mercado vem passando. As pessoas vendem livros baratos porque ninguém tem dinheiro para comprar nada.”
Quem já gastou o que queria ou o que tinha se aglomerou na Arena Cultural, espaço principal de programação, para ouvir os convidados do dia.
Por volta das 15h, centenas de pessoas de todas as idades já começavam a se concentrar em torno do local.
Uma hora mais tarde, a atriz Fernanda Montenegro subiria ao palco para falar a respeito de seu novo livro, “Itinerário Fotobiográfico”.
Lançado em julho pela Edições Sesc, a obra reúne fotos, documentos e depoimentos tanto de Fernanda quanto de atores e diretores que acompanharam sua trajetória.
Mais cedo, às 13h30, o público se reuniu em torno da arena para ouvir a jovem escritora americana Victoria Aveyard, que, aos 28 anos, é autora de “A Rainha Vermelha” (2015), traduzido para cerca de 30 idiomas.
A última atração do dia —pelo menos na programação principal— ocorre às 18h30, quando participa de debate com o público o escritor americano David Levithan.
Um das principais atrações do evento, Levithan se popularizou por escrever romances com temática LGBT, como “Todo Dia” (2012, agora transformado em filme) e “Will e Will” (2010), escrito em parceria com o também autor de bestsellers para o público jovem John Green.
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