Descrição de chapéu

Discografia de Madonna reformulou as tendências das últimas décadas

Cantora não se adaptou a disco, house, techno, R&B, hip-hop e remodelou todos à sua maneira

ALEX KIDD

Feche seus olhos e tente escolher apenas um hit da Madonna. Tarefa impossível.

Se a vontade é dançar: "Vogue". Continuar zen pós-aula de ioga? "Frozen". Chorar pelos cantos: "Live to Tell".

Nas últimas três décadas, Madonna lançou 13 discos que, para um alienígena recém-chegado à Terra, funcionariam como artefatos explicativos de toda a música pop.

Disco, house, techno, R&B, hip-hop —em mais de 150 canções, Madge não se adaptou a nenhum desses gêneros e remodelou todos à sua maneira.

O auxílio de DJs e produtores da cena underground foi fundamental. Na década de 1980, Stephen Bray deu sangue latino para as robóticas linhas de sintetizadores do disco "True Blue". William Orbit trouxe riffs de guitarras na era "Ray of Light". E Diplo, que trabalhou em "Rebel Heart", traduziu o vocabulário "madonnico" para os "millennials".

O apelo dessas canções —são mais de 300 milhões de discos vendidos— não se restringe à diversidade sonora.

Do brado feminista do quase hino "Express Yourself", em que "lençóis de cetim são muito românticos, mas ele precisa apreciar seu intelecto", ao comentário político ingênuo de "Music", em que a "música junta a burguesia aos rebeldes". Suas letras tocam fundo no inconsciente coletivo.

No período áureo do seu reinado, a artista sempre foi displicente com o mercado. No começo dos anos 2000, ela remou contra a maré de Britneys e Aguileras apostando suas fichas na música eletrônica. O hit "Hung Up", de 2005, nasceu quando o pancadão turbinado de Beyoncé dominava as paradas americanas.

O seu faro pop, porém, não é infalível. Nos últimos discos, a cantora parece ter perdido o bonde do zeitgeist. Há dez anos, "Hard Candy" veio na esteira da rápida ascensão de Nelly Furtado e "MDNA", de 2012, foi uma resposta atrasada a Lady Gaga. E apesar das ótimas canções, "Rebel Heart", de três anos atrás, parece Madonna copiando Madonna.

Mas ela continua expandindo seu império. A temporada em Lisboa inspirou seu 14º disco, previsto para o final deste ano. Numa entrevista recente, ela se diz influenciada por fado e kuduro. "Será um belo antídoto a tudo o que está tocando por aí", promete.

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