Embaixadores do jazz afro-cubano fazem shows no Brasil

Pianistas Chucho Valdés e Gonzalo Rubalcaba se apresentam em São Paulo e no Rio

Chucho Valdés (à esq.) e Gonzalo Rubalcaba em concerto no Carnegie Hall, em Nova York Hiroyuki Ito - 4.dez.12/Getty Images

Thales de Menezes
São Paulo

Uma noite de jazz afro-cubano, para quem conseguir comprar ingresso na Sala São Paulo. Ou um fim de tarde embalado por esse ritmo dançante, de graça, no parque Ibirapuera. Essas são as opções para os paulistanos assistirem a Chucho Valdés, 76, e Gonzalo Rubalcaba, 55.

A dupla de pianistas cubanos sobe ao palco nesta quarta (29), no primeiro concerto da turnê "Trance" no Brasil. Na sexta, o show é no Rio. No domingo, eles voltam a São Paulo.

"Acho que nosso som em parceria é muito diferente do que ouvir apenas um de nós tocando. Olhando para cada um, é notório que temos muitas semelhanças, mas as maneiras de encontrar o modo de tocar o jazz afro-cubano é muito particular, mesmo quando decidimos apresentar os clássicos desse estilo", diz Valdés à Folha.

"No show, cada um tem uma única peça que apresenta sozinho. No resto do tempo, estamos juntos. Vamos tocar no Brasil um tema muito bonito de Hermeto Pascoal", avisa Valdés. Seu parceiro destaca que uma boa parte do repertório é permanente, mas gostam de abrir espaço para o improviso.

"É necessário para que a gente não se acomode a uma forma única", diz Rubalcaba. "Já estamos rodando o mundo há um ano e meio, precisamos de estímulo. Temos de ter espaço para alguma especulação musical. Acho que devemos sempre satisfazer a plateia, mas precisamos de algo que também agrade a nós."

Separados, já gravaram dezenas de álbuns e acumulam prêmios. Valdés, que liderou a celebrada banda Irakere, já ganhou seis prêmios Grammy. Rubalcaba, que tem quatro estatuetas iguais em casa, alcançou fama mundial formando trio com o contrabaixista Charlie Haden (1937-2014) e o baterista Paul Motian (1931-2011).

Expoentes de uma tradição do piano cubano, de aproximação dos ritmos afro-cubanos com as vertentes do jazz americano, eles admitem um certo papel de embaixadores desse gênero. "Sentados diante do público, é como se contássemos a história dessa música", diz Valdés.

Embora estejam pela primeira vez numa turnê oficial como dupla, eles dividem palco há décadas. "Obviamente, eu conhecia a música de Chucho desde criança, ouvia seus discos em casa. Nossa estreia lado a lado foi em um programa de TV, em Havana, acho que em 1983", recorda Rubalcaba.

Depois de muitos encontros em festivais pelo mundo, a amizade ficou mais intensa nos últimos anos, quando passaram a morar bem perto um do outro. "Tenho dois pianos em casa, então nossas sessões se tornaram corriqueiras. Daí a ideia de finalmente fazer uma turnê veio fácil", diz Valdés.

As viagens começaram no ano passado, em shows que passaram por Japão, China e Coreia do Sul. Depois, viajaram pela Europa. Neste ano, foi a vez dos Estados Unidos.

Os dois se apressam a dizer que o Brasil é muito importante para ambos, que já tiveram colaborações com muitos artistas daqui. Ivan Lins é um amigo e parceiro comum. Ambos recordam também apresentações com Gal Costa, Hamilton de Holanda e João Bosco. Os shows em São Paulo e Rio terão abertura do pianista brasileiro André Mehmari.

Chucho Valdés & Gonzalo Rubalcaba

Quarta (29), às 21h, na Sala São Paulo, pça. Júlio Prestes, 16. Ingr.: R$ 50 a R$ 250. Sexta (31), às 21h, na Sala Cecília Meireles, largo da Lapa, 47, Rio. Ingr.: R$ 50 a R$ 240. Domingo (2), às 18h, no parque Ibirapuera, portão 2. Grátis

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