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Jack, o Estripador tem sua lenda revista em livro

Autor confronta documentos e expõe minúcias sobre assassinatos em série que espalharam terror

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Jack, o Estripador (The Complete Jack the Ripper)

  • Preço R$ 59,90 (378 págs.)
  • Autoria Donald Rumbelow
  • Editora Record
  • Tradução Alessandra Bonrruquer

Quem passeia hoje pelo badalado East End da capital inglesa, endereço de artistas e da juventude hipster, não imagina que aquele pedaço da cidade já foi a Londres proscrita da Era Vitoriana.

No final do século 19, a região era suja e sem saneamento, povoada por uma multidão de miseráveis, bêbados e prostitutas, e repleta de oficinas de costura e cortiços de alta rotatividade, onde era possível pernoitar por poucos centavos, ainda que em camas que "fervilhavam de insetos".

Em 8 de setembro de 1888, a polícia encontrou o corpo eviscerado de Annie Chapman, uma prostituta de 41 anos. Sua garganta havia sido cortada e seu útero, extirpado.

Esse era o segundo assassinato brutal de uma mulher na região em menos de dez dias. As características dos crimes levaram policiais a atribuí-los a um mesmo perpetrador, apelidado de Jack, o Estripador.

Desde então, uma onda de pânico tomou conta de East End. Outras três prostitutas seriam mortas de modo similar na mesma parte da cidade, nos meses seguintes.

Dois dos crimes, de crueldade impressionantes, elevariam ainda mais o terror dos londrinos, espelhado pelo desespero dos policiais que buscavam, sem sucesso, aquele que se tornaria o assassino mais célebre da cultura ocidental moderna. Sua identidade jamais foi descoberta.

Um inventário sobre a lenda e as evidências dos casos, sobre as cinco vítimas e os mais de 200 suspeitos está em "Jack, o Estripador - A Investigação Definitiva sobre o Serial Killer Mais Famoso da História". Ex-policial e historiador, o autor Donald Rumbelow é uma das maiores autoridades no assunto.

Desde 1975, quando publicou a primeira edição do livro, Rumbelow vem complementando informações sobre as mortes e descartando especulações que não sobreviveram ao confronto com sua minuciosa coleção de provas.

Para isso, o autor vai além dos chamados arquivos de Jack na polícia metropolitana —restritos a decepcionantes "três pacotes de papéis soltos, envoltos por capas marrons fixadas por fita adesiva"— e investiga ele mesmo informações usadas para implicar suspeitos, descartados a partir de seu cruzamento de fontes e documentos.

O resultado é uma coletânea exaustiva de informações, capaz de transformar um leigo curioso em especialista.

Rumbelow abre o livro descrevendo o famigerado East End, onde 55% dos bebês não sobreviviam até os cinco anos. Em seguida, passa a tratar de cada um dos crimes e suas vítimas em detalhes que vão do estimulante ao sórdido, como nos longos trechos em que descreve os ferimentos.

Ao mergulhar nos pormenores das difíceis investigações —a diferença entre sangue humano e animal só seria estabelecida anos depois, e o reconhecimento de impressões digitais ainda era algo especulativo—, o autor apresenta algumas das quase mil cartas que a polícia recebia semanalmente sobre as mortes.

Uma delas, cujo remetente assinava "Do Inferno", foi entregue ao chefe do Comitê de Vigilância da região de Whitechapel, George Lusk, junto a um pedaço de um rim e dizia: "Fritei e comi a outra metade —estava muito boa".

Quando se debruça sobre a extensa lista de suspeitos, que incluía o autor Lewis Carroll e o pai do político Winston Churchill, Rumbelow demonstra, caso a caso, que não há evidências que sustentem a suspeita —ou que aquelas citadas eram falsas ou fantasiosas.

Por trás de cada uma delas, há um investigador, um pesquisador ou jornalista querendo faturar em cima do mistério, sobre o qual o autor escreve: "Sempre tive a sensação de que, no Dia do Julgamento, [...] no momento em que eu e as outras gerações de estudiosos do Estripador pedirmos que Jack se apresente e diga seu verdadeiro nome, olharemos uns para os outros em pasma surpresa [...]: Quem?".

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