Descrição de chapéu

Magnético, Vincent Cassel agarra a atenção do espectador em 'Gauguin'

Roteiro do filme é uma adaptação do diário de viagem Noa Noa, que o pintor escreveu em 1893

Thales de Menezes

GAUGHIN – VIAGEM AO TAITI (Gauguin – Voyage de Tahiti)

  • Quando Estreia nesta quinta (23)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Vincent Cassel, Tuheï Adams, Malik Zidi
  • Produção França, 2017
  • Direção Édouard Deluc

Veja salas e horários de exibição

As artes plásticas dão aos franceses uma generosa parte de seus tesouros culturais. Por isso, filmes e livros dedicados aos grandes mestres formam um filão parrudo na produção cultural do país. No cinema, longa-metragens de peso como “Camille Claudel” (1988) e “Renoir” (2012) ganham agora a companhia de “Gauguin - Viagem ao Taiti”.

Depois de seu primeiro filme, a cativante aventura familiar “Marriage à Mendoza” (2012), o diretor Édouard Deluc se concentrou em um período específico da vida do pintor francês Paul Gauguin (1848-1903). Seu roteiro é uma adaptação do diário de viagem “Noa Noa”, que Gauguin escreveu em 1893, dois anos após sua primeira viagem ao Taiti.

Ele já era conhecido nos meios culturais parisienses, mas ainda bem longe do grande reconhecimento artístico. Sua dimensão como gênio só viria após sua morte. Ali, na última década do século 19, Gauguin renegava o impressionismo e voltava seus esforços ao primitivismo.

Rodeado de problemas financeiros, decidiu empreender uma viagem ao Taiti. Um sonho hedonista, de pintar tranquilamente nas praias e desfrutar de dinheiro e mulheres.

Falhou ao tentar conseguir alguma renda, mas seu desejo sexual se materializou em uma jovem da comunidade local dos Maoris. Mais do que companheira, Tehura se tornaria grande musa do artista, retratada em inúmeros quadros produzidos ali e em sua volta à França.

Esse retorno, já distante de Tehura, se deu depois de muito sofrimento físico, privações econômicas e crises de ciúme. O filme se concentra nessas atribulações, e expõe Gauguin a uma miséria absoluta enquanto discursa delirantes defesas da pureza da arte.

“Gauguin” está apoiado em dois pilares fortes. O primeiro é a esplendorosa beleza da ilha da Polinésia Francesa, mostrada em locações que buscaram pontos ainda intocados do lugar.

O segundo é a presença de Vincent Cassell, um dos melhores de sua geração na França e um ator bem conhecido dos brasileiros. Morou no Rio e na Bahia, filmando projetos como “À Deriva”, do diretor Heitor Dhalia, e até uma participação em esquete do Porta dos Fundos.

Sua entrega física ao papel de Gauguin impressiona. Vai ficando cada vez mais magro, frágil e maluco. Destroçado pelo sofrimento de Tehura, que passa maus bocados a seu lado, afunda numa crise depressiva que é desafiadora a qualquer ator.

Pela presença magnética de Cassel, “Gauguin” agarra a atenção do espectador. Pelo desempenho do ator, talvez o ritmo irregular do roteiro não incomode tanto a plateia. Mas, definitivamente, o ator francês está acima desse ambicioso projeto cinematográfico.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.