Na Bienal do Livro, Mauricio de Sousa faz apelo para encontrar tirinhas perdidas nos anos 1960

Quadrinista lança, com Ziraldo, 'crossover' da Turma da Mônica com o Menino Maluquinho

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São Paulo

Os maiores personagens dos quadrinhos infantis brasileiros, o Menino Maluquinho e a Turma da Mônica, se encontram nas mesmas páginas —e partem para uma aventura em uma montanha mágica.

É essa a sinopse de "MMMMM - Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica" (Melhoramentos), que Ziraldo e Maurício de Sousa lançam nesta edição da Bienal do Livro de São Paulo.

O encontro dos dois quadrinistas foi uma das atrações da tarde deste sábado (4) no evento literário. Eles se reuniram uma conversa com o público para marcar o lançamento do livro.

Mauricio de Sousa e Ziraldo participam da Bienal do Livro neste sábado (4) - Caio Rocha/Fotoarena/Folhapress

O debate foi marcado por uma revelação e um apelo. Mauricio de Sousa contou que, nos anos 1960, desenhou tirinhas do Pererê, um dos personagens mais famosos de Ziraldo —mas esse trabalho está desaparecido desde então.

As tirinhas foram feitas quando o pai da Turma da Mônica, sem um centavo no bolso, resolveu partir para o Rio de Janeiro a fim de pedir ajuda a Ziraldo para lançar uma revista pela editora O Cruzeiro —era onde o criador do Menino Maluquinho trabalhava.

"Aluguei um apartamentozinho bem mequetrefe no cais do porto do Rio. No dia seguinte, fui visitar o Ziraldo na gráfica do Cruzeiro e passei para ele a minha vontade, queria me candidatar a produzir uma revista. Mas ele falou que era difícil, que a editora estava com problemas financeiros", lembrou Maurício.

Ziraldo teria proposto ao jovem cartunista, então, que produzisse tirinhas do Pererê para tentar publicar nos jornais dos Diários Associados, influente conglomerado de mídia do século passado.

Maurício contou ter passado a noite no hotel produzindo meia dúzia de tirinhas para Ziraldo —mas o amigo acabou perdendo-as.

"Eu gostaria muito de achar essas tiras onde estiverem ou com quem estiverem. Quem tiver pode se apresentar sem problema nenhum, a gente as vende e rateia", disse Maurício, acrescentando que, quando voltou para casa em Bauru (SP), depois daquela viagem, soube que sua filha Mônica havia nascido em sua ausência.

"Perdi o nascimento da Mônica, justo da Mônica, por causa do Pererê."

Ziraldo brincou que quem perdeu mais foi ele próprio, porque se ainda tivesse as tiras, poderia vendê-las por um bom preço.

"Quem perdeu mais fui eu. Se a editora O Cruzeiro tivesse publicado o Mauricio, nós estaríamos trabalhando juntos, eu teria um estúdio igual ao dele. O que significa que eu ia ficar rico", riu Ziraldo.

O cartunista disse ainda julgar que o criador do Cebolinha é mais bem sucedido do que ele: "Eu tive que fazer 300 coisas para ficar meio conhecido. O Mauricio só fez a Mônica. Ele perguntou aqui quem conhece o Pererê do Ziraldo e todo mundo ficou calado."

Mauricio de Sousa revelou ainda que, a partir da próxima semana, seus estúdios serão abertos para visitação —e que há um projeto para levar crianças de escolas públicas para conhecer o local.

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