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'Noites de Cabíria', de Federico Fellini, é tema da Coleção Folha

Quinto volume chega às bancas no domingo (26/8)

Giulietta Masina em cena de 'Noites de Cabíria' (1957) - Divulgação
CRISTIANE MARTINS
São Paulo

Federico Fellini começou no cinema mergulhando no neorrealismo italiano, que tentava retratar a dura vida italiana no pós-guerra, mas sua cinematografia acabou marcada pela caricatura e pelo onírico.

A ilusão ali não sinalizava uma mera fuga da realidade, mas sim o congraçamento com o fluxo da vida.

"Noites de Cabíria" (1957), quinto volume da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema, é um dos principais exemplares dessa fusão promovida pelo diretor, que morreu em 1993 aos 73 anos. O volume chega às bancas em 26/8 com um DVD e um livro composto de ficha técnica e análises.

Fellini levou quatro Oscar de filme estrangeiro, um deles por este longa no qual Giulietta Masina (1921-94) interpreta uma prostituta da periferia de Roma que sonha em se livrar dos abusos que sofre em seu périplo rotineiro de esperanças frustradas.

Ela foi premiada no Festival de Cannes pelo papel, que escapa de moralismos ou maniqueísmos rasteiros ao retratar a brutalidade e a sordidez que cercam, em especial, a sociedade do espetáculo. A atriz parece frágil, cômica, trágica e valente ao mesmo tempo.

Sua personagem expõe no olhar um espírito que apareceria com mais força no filme seguinte de Fellini, "A Doce Vida" (1960), em que um jornalista que se afasta da objetividade à medida que percebe a perda de sentido ao seu redor.

Masina foi casada por cinco décadas com Fellini. A parceria da dupla em seis filmes, de tão bem-sucedida, ofuscou papéis de Masina em longas de outros diretores e mesmo atrizes que passariam a participar de filmes de Fellini.

Em uma das análises presentes no livro que acompanha o DVD na coleção, o professor e pesquisador Pedro Maciel Guimarães afirma que a atriz encarnou a ambiguidade dos filmes fellinianos. "Tinha o dom paradoxal de, às vezes, parecer-se com uma criança, tamanha a inocência que seus olhos desprendiam; em outras, ela virava mulher desavergonhada e frenética de tom de voz agudo e ressonante."

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