A paixão de Stefano Bollani pela música brasileira, tudo indica, não vai esfriar tão cedo. O pianista italiano descobriu a cadência do samba ainda na adolescência e agora, aos 45, lança o álbum "Que Bom", com participações de Caetano Veloso e João Bosco, além de uma compacta seleção de craques da música instrumental brasileira.

Um dos músicos europeus de maior prestígio na cena atual do jazz, Bollani tem reforçado durante a última década sua intimidade com as harmonias e os ritmos do Brasil. Em 2007, gravou o álbum "Carioca" no Rio. Já em 2013, dividiu o CD "O Que Será" com o bandolinista Hamilton de Holanda, que também está no novo disco do italiano.

"Hoje eu sei que existe muita música brasileira que eu ainda não conheço", diz Bollani à Folha. Mas, quando a conversa se volta para os brasileiros que admira, ele cita uma lista extensa, de Radamés Gnattali a César Camargo Mariano.

Bollani já tocava piano, aos 15, quando ouviu o clássico disco de bossa nova que João Gilberto gravou com o jazzista Stan Getz ("Getz/Gilberto", 1963). "Me apaixonei pelas harmonias, parecidas com as do bebop e as do cool jazz, das quais eu já gostava muito."

"Mais tarde, quando fui ao Brasil para gravar meu disco 'Carioca', encontrei o choro, o samba, o forró e outras músicas brasileiras", diz o italiano, que fez questão de voltar a tocar com Armando Marçal (percussão), Jurim Moreira (bateria) e Jorge Helder (baixo), nas gravações de "Que Bom" (selo Alobar/Biscoito Fino). Esse mesmo trio vai acompanha-lo na turnê de lançamento, além de Thiago da Serrinha (percussão).

No repertório de seu saboroso álbum, exibe 14 composições próprias, quase todas instrumentais. Inclui também a conhecida "Nação" (de João Bosco, Paulo Emílio e Aldir Blanc), cantada pelo próprio Bosco, e "Michelangelo Antonioni", que Caetano Veloso, o autor, interpreta em italiano. "Adoro Caetano cantando em italiano. Ele pode até cantar os itens de uma lista telefônica que eu vou gostar."

Bollani lança seu álbum nesta terça (14/8), no Bourbon Street, em São Paulo. Depois toca em Belo Horizonte (15/8) e faz duas apresentações pelo Sesc Jazz, em Ribeirão Preto (17/8) e Jundiaí (18/8). Também toca em Brasília (20/8) e no Rio (21/8).