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Ao contrário do ditado, a mentira tem perna comprida na comédia romântica francesa “De Carona para o Amor”. Tão comprida que os créditos finais quase aparecem na tela antes de a verdade dar as caras.
O título pouco promissor —tradução genérica de “Tout le Monde Debout” (todo mundo de pé)— combina com a história pouco promissora do coroa atlético Jocelyn, interpretado por Franck Dubosc, também diretor e roteirista do filme.
É notável o esforço empregado para despertar antipatia instantânea pelo personagem. Um loroteiro compulsivo, que se diverte às custas de enganar qualquer um à sua volta e acumula outros predicados nada nobres como machista, egoísta e preconceituoso.
O auge da fanfarronice acontece quando o quarentão bem-sucedido decide se passar por paraplégico para seduzir uma vizinha jovem, cheia de atributos físicos exaustivamente ressaltados pela câmera.
A estratégia segue dentro dos conformes até o momento em que Florence (Alexandra Lamy), irmã da tal vizinha, surge em cena. Cadeirante, ela coloca Jocelyn numa situação bastante embaraçosa.
Aí, a comédia, construída por situações mais constrangedoras do que de fato engraçadas, cede espaço para a porção romântica (e óbvia) do longa-metragem.
Bastam cerca de 30 segundos para sacar que desse imbróglio entre o cascateiro e a moça abarrotada de virtudes e habilidades vai se desenhar uma paixão meio torta, difícil de pegar no tranco.
A narrativa, então, começa a andar em círculos, sempre à expectativa da revelação da verdade e da redenção do protagonista mitômano. O grand finale tenta compensar a longa espera com um clichezão daqueles, que, apesar dos pesares, tem certo charme.
O elenco principal e o coadjuvante —representado por Elsa Zylberstein, uma secretária divertida, e Gérard Darmon, amigo sincerão de Jocelyn— ajudam a aquecer a trama e a reparar alguns equívocos. Alexandra Lamy, por exemplo, evita os estereótipos e traz um olhar alheio ao deboche e à comiseração sobre a deficiência de Florence.
Não é o suficiente para salvar "De Carona para o Amor" de tantos deslizes. A mensagem bem-intencionada perde força devido à maneira estabanada como se apresenta ao público. Além disso, o filme patina nas duas direções: falta riso para a comédia; falta tempero e sensibilidade para o romance.
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