Ruby Rose sai do Twitter em meio a controvérsia sobre escalação como Batwoman

As queixas incluem acusações que ela não é lésbica, judia e não tem competência para o papel

George Gene Gustines
The New York Times

Os heróis da DC Comics retratados pela rede CW de televisão enfrentam todos os tipos de inimigos, mas um dos mais insidiosos pode ser a mídia social.

Dias depois do anúncio de que a atriz Ruby Rose tinha sido escalada para o papel de Batwoman, e a própria atriz dizer que este era seu sonho de infância, Rose deixou o Twitter. Ela postou no sábado que apagaria sua conta para se concentrar em seus dois próximos projetos, mas parte da decisão, provavelmente, se deve à reação adversa de alguns fãs à sua escolha para o papel.

A DC Comics reintroduziu a personagem Kate Kane, que combate o crime como Batwoman, em 2006. Kane foi apresentada como uma socialite rica que no passado teve um relacionamento com Renee Montoya, ex-detetive da polícia de Gotham City. Uma história posterior revela que Kane é judia.

A atriz Ruby Rose
A atriz Ruby Rose - Richard Shotwell/Invision/AP

As queixas sobre a seleção de Rose incluem acusações de que ela não é lésbica, não é judia e não tem competência como atriz para lidar com o papel. Rose disse que ficou confusa com a primeira das queixas, postando no Twitter, antes de eliminar sua conta, que saiu "do armário aos 12 anos", e que nos últimos cinco anos havia sido rejeitada para diversos papéis por ser "gay demais". Ela escreveu que "como é que vocês todos invertem sua posição assim? Eu não mudei".

Batwoman vai aparecer na CW no começo do ano que vem, durante a sequência anual de participações cruzadas entre personagens das séries baseadas na DC Comics. Uma série derivada, com a personagem dela como protagonista, também está em desenvolvimento.

Rose começou sua carreira na Austrália, seu país de origem, como modelo, apresentadora de TV e atriz. Em 2015, entrou para o elenco da série "Orange is the New Black", da Netflix, e no cinema trabalhou em "A Escolha Perfeita 3", em 2017, e em "Meg", neste ano.

Ela também é cantora. "Break Free", vídeo de uma canção que ela lançou em 2014, explora os papéis de gênero e o que é "ter uma identidade que se desvia do status quo", disse ela em entrevista à edição australiana da revista "Cosmo". No mesmo artigo, ela descreveu sua identidade de gênero como "gender fluid" [fluidez de gênero].

Rose se tornou parte da lista crescente de mulheres famosas que vêm sofrendo agressões na mídia social. A comediante Leslie Jones sofreu ataques no Twitter por conta de seu papel na versão feminina de "Os Caça-Fantasmas", e Kelly Marie Tran, que interpretou Rose em "Star Wars Episódio 8: Os Últimos Jedi", optou por sair do Instagram em função de comentários racistas e ofensas sexuais.

Um dos futuros colegas de elenco de Rose também sofreu assédio online: Grant Gustin, que interpreta o super-herói Flash na série homônima da CW, foi alvo de insultos quanto ao seu corpo. Uma foto dele com o novo traje do personagem vazou, e atraiu comentários de que ele era magro demais para o papel. Gustin rebateu postando no Instagram que "estou satisfeito com o meu corpo e com quem eu sou, e outros garotos com porte parecido com o meu, e ainda mais magros, deveriam se sentir igualmente orgulhosos".

Batwoman foi lançada como personagem pela DC Comics em 1956, como parte de uma expansão do elenco de apoio a Batman que inclui Ace, o batcachorro (1955), Bat-Mite (1959) e Bat-Girl (1961). Parte do motivo original para a criação de Batwoman e Bat-Girl era prover pares românticos para Batman e Robin.

O elenco crescente de heróis de quadrinhos da DC Comics na CW é notável não só por suas aventuras ousadas e uniformes coloridos mas pela representação LGBT - e por séries que dão aos seus personagens vidas que não são definidas inteiramente por sua orientação. Entre os heróis estabelecidos estão White Canary (Caity Lotz), líder da Legends of Tomorrow, que é bissexual, e Mr. Terrific (Echo Kellum), que é gay é serve como aliado científico de Green Arrow.

No ano passado, surgiu Ray (Russell Tovey), um herói de uma dimensão paralela que beijou seu namorado Citizen Cold em um episódio de série. A próxima temporada de "Supergirl" trará Nia Nal, heroína transgênero interpretada por Nicole Maines, atriz e ativista transgênero. Na Comic-Con de San Diego, quando sua contratação para a série foi anunciada, Maines disse que "parece apropriado que tenhamos um super-herói trans, para servir de exemplo às crianças trans. Teria sido bacana se existisse um super-herói trans quando eu era pequena".


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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