Soprano russa Anna Netrebko faz récita com Verdi, Puccini e Bizet

A cantora se apresenta com seu marido, o tenor azerbaijano Yusif Eyvazov

A cantora lírica Anna Netrebko
A cantora lírica Anna Netrebko - Divulgação
Sidney Molina
São Paulo

Imagine se um grande ator de teatro ou cinema, famoso por papéis complexos em atuações apreciadas ao longo de algumas horas, de repente fizesse um show com pequenas cenas de suas peças ou filmes. A proposta —insólita nesse caso— é comum na cena lírica.

Cantores de ópera consolidam suas carreiras ao interpretar diferentes personagens em espetáculos de três horas, cantando sem amplificação, com uma orquestra oculta e atuando cenicamente.

Ao se tornarem célebres, passa a ser comum também atuarem em espetáculos como o que a soprano russa Anna Netrebko e seu marido, o tenor azerbaijano Yusif Eyvazov, farão nesta segunda (6) na Sala São Paulo. Com a orquestra no palco e sem atuação cênica, eles cantam uma seleção de árias —canções extraídas de diferentes óperas.

Se, por um lado, perde-se o contexto, por outro —e como óperas são espetáculos caros e trabalhosos— cria-se a oportunidade (às vezes única) de se escutar ao vivo um grande cantor.

Netrebko é “a” soprano da atualidade, e esta é a primeira vez que vem à América Latina. Apesar dos preços altos (R$250 para meia entrada no setor mais barato), os ingressos estão esgotados. O programa traz trechos de Verdi, Puccini e Bizet, entre outros.

A iniciativa é do Mozarteum Brasileiro, que, no ano passado, programou —com igual sucesso— outro casal famoso, a soprano Diana Damrau com o barítono Nicolás Testé.

A vinda de Netrebko e Eyvazov agita o meio lírico desde que foi anunciada. Eles atuarão com um grupo brasileiro jovem, a Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro.

A história de Netrebko assemelha-se à mais fantasiosa das ficções. Descoberta pelo regente Valery Gergiev quando trabalhava na equipe de limpeza do Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, ganhou o mundo após se apresentar em Salzburg em 2002. Recentemente, ela e o marido foram convidados de honra no concerto que antecedeu a abertura da Copa, em Moscou.

Netrebko tem uma voz portentosa, qualificada por timbres requintados e técnica impecável. No Teatro alla Scala de Milão, em janeiro, sua voz preenchia todo o espaço em densa interpretação como Maddalena di Coigny, na ópera “Andrea Chénier”, de Umberto Giordano (1867-1948).

No papel do poeta revolucionário Andrea Chénier, Eyvazov —sobre quem ainda pairava certa desconfiança de parte da crítica— firmou-se como tenor de amplos recursos, agradando o exigente (e fanático) público que, em geral, ocupa os andares superiores (os mais baratos) do teatro.

Anna Netrebko e Yusif Eyvazov

  • Quando Nesta seg. (6), às 21h
  • Onde Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3667-9500
  • Preço R$ 700 a R$ 1.200

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