Descrição de chapéu

'Trocas de Rainhas' descreve jogos de poder durante o absolutismo

Drama apresenta em detalhes a ciranda de maquinações da nobreza decadente disposta a tudo

Alexandre Agabiti Fernandez

Troca de Rainhas (L’échange des princesses)

  • Quando Estreia nesta quinta (16)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Lambert Wilson, Olivier Gourmet, Anamaria Vartolomei, Juliane Lepoureau, Catherine Mouchet, Thomas Mustin, Kacey Mottet Klein, Igor Van Dessel
  • Produção França, Bélgica, 2017
  • Direção Marc Dugain

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A trajetória de Marc Dugain —como romancista, roteirista e cineasta– reafirma constantemente seu interesse pela História. Em “Troca de Rainhas” Dugain adapta um romance de Chantal Thomas, que assina com ele o roteiro, sobre fatos pouco conhecidos envolvendo as cortes francesa e espanhola no início do século 18.

O contexto é o que se seguiu aos 13 anos de guerra com a Espanha, que terminou quando a França instalou Felipe 5º, neto de Luis 14, no trono do país ibérico, e deixou os dois países exauridos.

Em 1721, para consolidar a paz, Felipe d’Orléans, regente do futuro rei Luis 14, decide casá-lo com a infanta Anna Maria Victoria, filha de Felipe 5º. O noivo tinha 11 anos, e a noiva, apenas quatro.

Paralelamente, o regente casou a filha de 12 anos, Louise-Elizabeth d’Orléans, com Luis, príncipe de Astúrias, de 14, o primogênito de Felipe 5º.

Condicionados por imperativos ditados pela geopolítica, esses casamentos forçados de crianças deixam claro o que elas significavam para os adultos: moeda de troca, simples peças no tabuleiro dos jogos de poder –apresentado como algo impregnado de cinismo e veleidade.

A narrativa descreve em detalhes a atroz ciranda de maquinações dessa nobreza decadente disposta a tudo, enquanto o Antigo Regime desce a ladeira de uma crise que desaguará na Revolução Francesa quase sete décadas depois.

A primorosa reconstituição de época, com filmagens em locações e figurinos muito bem cuidados, é determinante para produzir uma experiência imersiva nesse universo. A fotografia tem o mesmo propósito, e o uso do claro-escuro realça o lado deletério dessa atmosfera, apesar da pompa.

A visada crítica de Dugain às vezes descamba na caricatura grotesca ao caracterizar alguns personagens, como Felipe 5º e o duque de Condé, jovem primeiro-ministro de Luis 14.

Lambert Wison faz um monarca excessivo, aterrorizado por seu passado sanguinário a ponto de açoitar-se histericamente como penitência. O belga Thomas Mustin compõe um duque histriônico, um conspirador esfuziante, cujo humor está cheio de maneirismos, muito distante do verdadeiro conde, que era feio e caolho.

Apoiado no bom desempenho dos quatro atores que encarnam os dois casais reais, o filme tem o mérito esboçar um impiedoso retrato das duas cortes no início do ocaso do absolutismo.

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