Descrição de chapéu

'Yonlu' é um filme bom para adolescentes, mas não arrebata público maduro

Longa narra história do suicídio de um garoto de 16 anos assistido na internet

Yonlu

  • Quando Estreia nesta quinta (30)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Thalles Cabral, Nelson Diniz, Lian Venturella
  • Produção Brasil, 2017
  • Direção Hique Montanari

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Levar ao cinema a história de um garoto que se mata aos 16 anos num episódio impactante de suicídio assistido na internet é percorrer um caminho de armadilhas. O filme de Hique Montanari passa ileso por esse campo minado.

Ele não se arrisca a inventar muitos elementos dramáticos para dar mais consistência ao relato da vida de Vinicius Gageiro Marques, o Yoñlu. Com exceção de uma garota brevemente mostrada como interesse romântico do protagonista e poucos flashes de conversas superficiais com os pais, o roteiro traça um perfil introspectivo do jovem.

É uma decisão esperta focar como cenário o quarto de Yoñlu. Quando sai dali, é para esboçar uma estética delirante, sem compromisso com uma narrativa realista. Enquadramentos e iluminação ficam contaminados pelas letras depressivas das canções que o garoto deixou gravadas.

Outro acerto para prevenir sentimentalismo barato é esmiuçar o pragmatismo do personagem no planejamento do suicídio. Assim, seus poucos momentos de descontrole se transformam em sequências de tensão que funcionam bem.

No papel principal, a entrega de Thalles Cabral impressiona. Cantor de recursos, com um ótimo álbum autoral lançado em 2017, ele carrega o filme. Seu desempenho e as boas soluções de roteiro atenuam dois equívocos da produção.

Um deles é usar como ligação entre sequências o médico que tratou Yoñlu. Sua presença insere um tom documental que não combina com o delírio visual que atravessa o filme.

O outro problema está na raiz do projeto. As canções deixadas por Yoñlu revelam uma carpintaria musical e verbal simplória. O tom melancólico dos versos só tem alcance em um público tão jovem quanto seu autor. Repetidas, as músicas acabam expostas em sua frouxidão.

No balanço de acertos e limitações, "Yonlu" é um filme bom para adolescentes, mas sem arrebatar um público maduro.

 
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