Descrição de chapéu

'22 Milhas' tem história batida e direção desleixada

Peter Berg parece ter se especializado em comandar filmes de ação de maneira indigente

Sérgio Alpendre
 

22 Milhas (Mile 22)

  • Quando Estreia nesta quinta (20)
  • Classificação Não informada
  • Elenco Mark Wahlberg, Lauren Cohan, John Malkovich
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Peter Berg

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 Cortes a cada dois ou três segundos, câmera inquieta e propositadamente indecisa, ambientes escuros com um grande foco de luz: você já viu esse filme inúmeras vezes, e raramente foi animador.

Assim é "22 Milhas", mais recente longa de Peter Berg ("Hancock", "O Dia do Atentado"), que parece ter se especializado em filmes de ação com essa direção indigente e com o ator Mark Wahlberg no máximo da canastrice.

22 milhas é o que um grupo de elite paramilitar precisa percorrer, numa cidade do sudeste asiático, para chegar com segurança à zona de embarque para os EUA, para levar um agente duplo que se recusa a passar um código secreto. 

Claro está que há mais gente de olho nesse agente, o que vai tornar a missão do grupo liderado por James Silva (Wahlberg) ainda mais difícil, incluindo aí uma verdadeira guerrilha urbana, com explosivos mil e metralhadoras salpicando em avenidas movimentadas.

Trabalhar com muitos cortes não é um problema caso o diretor tenha aprendido a lição de Sergei Eisenstein e outros diretores soviéticos. Para eles, a imagem vista lá atrás ainda deve ser lembrada após várias outras imagens, pois havia um cuidado na composição e na sucessão dessas imagens.

Em Peter Berg e em muitos outros diretores de ação, não importa que imagem está sendo cortada. Logo, tanto faz de que modo essa imagem é construída. Impera acima de tudo a noção de dinamismo pela montagem, uma noção que precisa de uma série de cuidados para funcionar, cuidados frequentemente ignorados. 

Além da composição de cada enquadramento e do cuidado com a junção dessas imagens, não faz muito sentido a insistente troca de ângulos, como se simulasse uma reportagem policial. Isso procura disfarçar uma incapacidade de colocar a câmera no melhor lugar possível. Coloca-se em vários, e geralmente equivoca-se em todos.

Por exemplo: o que era para ser uma ótima cena de luta num hospital, entre um homem seminu e enfermeiros disfarçados que o querem morto, caso estivesse num filme de John Woo, transforma-se numa bagunça irritante em "22 Milhas". 

E aí, mais ou menos na metade da projeção, qualquer esperança de que o filme melhore vai por água abaixo. Pior ainda que um ator como John Malkovich seja desperdiçado como um agente da retaguarda com algumas falas óbvias.

Quando é o desleixo que está no comando, mesmo uma boa história cai por terra. A de "22 Milhas" então, que opera em terreno já muito pisado, fica difícil salvar.

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