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'Abdelmassih vai dar risada', diz vítima do médico sobre nova série da Globo

'Assédio' é inspirada nos crimes cometidos pelo especialista contra dezenas de mulheres

Isabella Menon
São Paulo

“Roger Abdelmassih vai assistir a essa série e dará risada porque ele é um dissimulado”, diz Crystiane Cardoso de Souza, vítima do ex-médico.

Lançada na sexta (21), no serviço Globoplay, a minissérie de dez episódios "Assédio" é baseada na história de Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão sob acusação de ter estuprado 39 mulheres. Desde o ano passado, ele cumpre a pena em regime de prisão domiciliar.

Cardoso de Souza diz que a série levanta um assunto muito importante. “A sociedade vai conhecer os preconceitos aos quais as vítimas foram submetidas, e as dúvidas que passam pela cabeça da mulher antes de denunciar. O medo explica o silêncio de muitas”.

Roger Sadala (Antonio Calloni), em cena da série 'Assédio', inspirada no caso Abdelmassih
Roger Sadala (Antonio Calloni), em cena da série 'Assédio', inspirada no caso Abdelmassih - Ramon Vasconcelos/Rede Globo

Todos os personagens em "Assédio" são fictícios. Abdelmassih, por exemplo, vira Roger Sadala, e as vítimas tiveram seus nomes e história alterados. Ainda não há previsão de quando a TV aberta exibirá a série, construída como se fosse um documentário.

Muitas das mulheres que foram estupradas e assediadas pelo médico, especialista em reprodução humana, se uniram num grupo chamado Vítimas de Roger Abdelmassih para ajudarem outras pessoas que passam por situações trágicas similares.

Algumas delas preferiram não assistir à série porque dizem sofrer até hoje as consequências dos crimes. 

Vana Lopes, que coordena o grupo de vítimas, diz à Folha que ficou muito abalada com a série.

“Eu sou a Stela [personagem que na ficção é vivida por Adriana Esteves] com uma profissão diferente, mas com a mesma dor. É a história da nossa vida sem os créditos. A realidade foi mil vezes mais dramática.”

Também integrante do grupo, Joseli Bernardes disse que, ao assistir a "Assédio", voltou no tempo, “mas com a alegria e sensação de dever cumprido ao abrir o olho das mulheres”.

Além dos abusos sexuais, Abdelmassih também é acusado de ter vendido óvulos de pacientes sem a permissão delas. Uma das vítimas, que preferiu não ser identificada, disse que sentiu falta da abordagem deste outro tipo de violência também cometida pelo médico.

 

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