Após silêncio de décadas, filha de Mia Farrow e mulher de Woody Allen acusa mãe de abuso

Soon-Yi Previn diz que acusações de Dylan Farrow são falsas e afirma que era agredida por Mia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Soon-Yi Previn no Festival de Cannes de 2016
Soon-Yi Previn, filha adotiva da atriz Mia Farrow - Thibault Camus/AP
São Paulo

Após décadas de silêncio, desde que seu relacionamento com Woody Allen se tornou público, Soon-Yi  Previn se manifestou pela primeira vez sobre as acusações de abuso contra o cineasta feitas pela mãe adotiva, Mia Farrow —e reforçadas pelos irmãos Dylan e Moses Farrow.

As declarações foram dadas à revista Vulture, em entrevista publicada na noite deste domingo (16).

Na conversa com a publicação, Previn acusa Mia Farrow de cometer abusos contra ela, especificamente agressões físicas —são afirmações semelhantes às que o outro irmão, Moses Farrow, já havia feito no ano passado. Ela afirma ainda que as acusações de que Allen abusou sexulmente de Dylan são falsas.

"Mia tirou proveito do movimento #MeToo e colocou Dylan para desfilar como uma vítima. E toda uma nova geração está ouvindo falar [dessas acusações], quando não deveriam. Ela nunca foi nenhum pouco maternal comigo, desde sempre", afirmou.

​Previn conta que, quando Mia tentava ensiná-la a ler, a atriz acabava por se irritar e jogar blocos de madeira com as letras do alfabeto nela, além de espancá-la diversas vezes.

A mulher de Allen revela que tinha dificuldades de aprendizado e, por isso, Mia costumava escrever palavras em seus braços para que ela lembrasse depois, além de segurá-la de cabeça para baixo por longos períodos. A atriz acreditaria à época, diz Previn, que fazer o sangue da menina ir para a cabeça poderia deixá-la mais inteligente.

Um porta-voz dos Farrow negou à Vulture as acusações de abuso físico e negligência por parte de Mia.

Previn afirmou que, quando começou a se relacionar com Allen, já tinha 21 anos e que a relação era consensual.

"No começo, nenhum de nós pensávamos que se tornaria um namoro ou algo mais sério, mas fomos nos aproximando gradativamente. Só se tornou algo real depois de sermos expulsos juntos de casa por conta das acusações de abuso sexual", disse.

Depois de suspeitar do caso entre a filha adotiva e Allen,  Farrow encontrou, no apartamento do cineasta, fotos de Previn nua —o que teria deteriorado ainda mais a relação das duas.

"Eu me lembro do telefonema quando ela descobriu as fotos. Eu sabia que a minha vida havia terminado apenas pelo modo como ela estava pronunciando meu nome. Ela me perguntou, e eu neguei, claro."

Segundo Previn, na ocasião, Mia ainda teria lhe espancado novamente por conta das fotos.

Em agosto de 1992, Mia Farrow acusou Allen de ter abusado sexualmente de Dylan Farrow, sua outra filha. O caso rendeu uma extensa batalha judicial pela tutela dos filhos do casal.

Em 2014, Dylan falou pela primeira vez em público sobre o assunto, em uma carta aberta publicada no jornal The New York Times. Na época, o cineasta afirmou que Mia havia manipulado a filha para torná-lo culpado publicamente pelo seu envolvimento com Previn. 

Dylan, horas depois de a entrevista da irmã ser publicada, usou suas redes sociais para acusar a repórter da Vulture de desonestidade —a jornalista tem uma amizade de quatro décadas com Allen.

O assunto voltaria à tona mais uma vez após as denúncias contra Harvey Weinstein, no ano passado. No epicentro das denúncias estava Ronan Farrow, irmão das duas e jornalista investigativo, que publicou uma reportagem na revista The  New Yorker sobre os casos de assédio do produtor.

"A ideia de deixar a amiga de um suposto predador escrever uma matéria com apenas um lado, atacando a credibilidade de sua vítima, é nojenta. Eu sou uma mulher adulta e reitero o que disse há duas décadas”,  afirmou em sua conta no Twitter. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.