'Espero que nos enxerguem como artistas e não como gênero', diz Mamma Andersson

À frente de espaços da Bienal, curadores convidados defendem a escolha de mais obras de artistas homens

Reprodução de "My Name Is Oona" (1969), vídeo de Gunvor Nelson
Reprodução de "My Name Is Oona" (1969), vídeo de Gunvor Nelson - Divulgação
Isabella Menon
São Paulo

Dos sete curadores escolhidos para organizarem os espaços no pavilhão da 33ª Bienal de São Paulo, que começa nesta sexta (7), quatro são mulheres e três, homens. Porém, as obras selecionadas por esses mesmos artistas não refletem esse equilíbrio —boa parte das peças selecionadas são de homens. Em entrevista aos jornalistas na manhã desta terça (4), os curadores convidados explicaram suas escolhas.

A sueca Mamma Andersson diz esperar que os visitantes vejam as obras “de artistas e não de gêneros”. Waltercio Caldas fez coro ao afirmar que não partiu da escolha de nomes de artistas para sua seleção, mas sim de obras.

Curador da Bienal, o espanhol Gabriel Pérez-Barreiro afirmou que deu liberdade total aos artistas convidados. “Estamos acostumados a olhar para a lista de artistas como se fosse a de uma exposição. Mas na Bienal tem, por exemplo, um espaço enorme dedicado às obras de Denise Milan", conta, citando a artista que cria esculturas e instalações com grandes pedras de cristais.

Outras questões foram levantadas durante a entrevista, como o incêndio no Museu Nacional, no Rio, que destruiu boa parte do casarão imperial. “É uma catástrofe de dimensões mundiais. Isso mostra como o Brasil não tem política de estado para a cultura”, disse o vice-presidente da Bienal, Eduardo Saron.  

Saron que acredita que o incêndio represente a destruição de milhares de anos de pesquisas. 

“Não há inovação sem conservação”, acrescentou Saron, que acredita que o incêndio destruiu milhões de anos de pesquisas. 

No caso da Fundação Bienal, Saron afirmou que começou há três anos o processo de digitalização e higienização de um milhão de obras e documentos da instituição. Parte deste material deve estar disponível online até 2021 —ano no qual a fundação completa 60 anos.

Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc, também prestou solidariedade sobre a destruição do museu carioca e aproveitou para criticar as propostas dos presidenciáveis. “Estamos às vésperas das eleições e eu não ouvi uma frase do que eles pretendem fazer em relação à cultura do país.”

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