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Exagero de explosões e sustos de 'A Primeira Noite de Crime' chega a irritar

Com implicação política clara, quarto filme da série 'Noite de Crime' tem ritmo de montanha russa

Sérgio Alpendre

A Primeira Noite de Crime

  • Quando Estreia nesta quinta (27)
  • Classificação 18 anos
  • Elenco Y'lan Noel, Lex Scott Davis, Joivan Wade
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Gerard McMurray

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Após três filmes da série "Noite de Crime", James DeMonaco, criador, roteirista e diretor dos três longas, entrega a direção do quarto, "A Primeira Noite de Crime", a Gerard McMurray.

Como já fica claro no título, é uma volta à origem das 12 horas em que tudo é permitido, a noite sem lei, em que pessoas juradas de morte podem finalmente serem assassinadas sem que se pague por isso.

O partido de extrema direita New Founding Fathers of America (Os Novos Fundadores da América, em direta relação com os Founding Fathers, ou seja, aqueles que fizeram a Constituição dos Estados Unidos em 1787) defende essa noite como o expurgo do lado violento das pessoas. Em tese, isso faria com que as outras 364 noites do ano fossem pacíficas.

Logo o projeto é usado para algo ainda mais maligno. Transforma-se numa maneira de extermínio das populações pobres, começando em Staten Island, e obviamente pelos guetos.

A implicação política é clara: pobres, em sua maioria negros ou latinos, multiplicam-se, atrapalhando a festa dos poderosos, incomodados com as drogas e a falta de segurança. 

Nisso, o traficante Dmitri (Y'lan Noel) faz de tudo para proteger seus ganhos nessas 12 horas, enquanto sua ex-namorada Nya (Lex Scott Davis), traumatizada pelo passado violento que levava, procura ajudar as pessoas sitiadas numa igreja (onde se reza, e não se expurga).

A série distópica faz todo o sentido em países violentos como os Estados Unidos ou o Brasil, em que se mata por muito pouco. Mas é uma obra de ficção, e, como tal, responde a uma série de possibilidades de erros ou acertos em suas escolhas.

E aqui, à medida que o longa se aproxima do clímax, os erros se acumulam com frequência indesejável.

Quase todos pela maneira de conduzir a ação. Muitas explosões e muitos sustos, mas num nível de inverossimilhança que chega a irritar (não é questão de cobrar verossimilhança, mas de atentar para o exagero).

Com essa decisão pelo ritmo de montanha russa e pela movimentação excessiva de tudo, a questão política vai para segundo plano em favor da ação, essa obrigação do cinema americano atual.

E na ação, "A Primeira Noite de Crime" não vai bem como no campo político. O filme (na verdade, a série) é prejudicado pelas convenções atuais. Ao menos não se vê sorrisos no final. Há a consciência de que a luta contra os opressores nunca termina.

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