Descrição de chapéu Moda

Hermès cria esportivo nobre ao fundir estética do mar à da selaria em Paris

Coleção primavera-verão da grife é assinada pela tesoura técnica de Nadège Vanhee-Cybulski

Pedro Diniz
Paris

Grife ligada à nobreza das corridas de cavalo e à obsessão pelo corte perfeito do couro, a francesa Hermès levou a moda para um passeio no hipódromo, neste sábado (29), durante a semana de moda de Paris.

Mas o que poderia ser apenas uma reverência à indumentária dos cavaleiros virou um espetáculo visual no qual a estética do mar se fundiu à da selaria.

A areia branca do circuito remetia à praia, à terra firme, e o enorme espelho posicionado em toda a extensão da passarela refletia o céu azul tom de oceano.

No meio, entre as duas linhas desses horizontes, passavam as roupas, tratados de elegância atemporal transformados em esportivo nobre, cortado quase todo em couro e cashmere dublado.

Uma das tesouras mais técnicas e afiadas dentre as grifes centenárias do calendário parisiense, Nadège Vanhee-Cybulski selecionou cordas, cores e redes da imagem “navy” para transformá-los, respectivamente, em aviamentos, tingimentos e tecidos vazados.

Do universo equestre, pincelou as formas da sela, para criar camisas e vestidos envelopados e de linhas sinuosas, arreios que viram alças e acabamentos de acessórios, e, claro, o couro, matéria-prima básica de toda a coleção.

À sempre sóbria cartela da grife, uma bem amarrada mistura de off-white, beges e o laranja que identifica a marca, Nadège adicionou olivas e vinhos, mas em tom envelhecido, como se oxidados pela maresia.

O efeito do tempo, próprio à uma marca famosa pelas peças que viram heranças de família, foi usado em botões desenhados pelo artista plástico Laurence Owen especialmente para a grife.

São esses mínimos detalhes que explicam o culto da indústria do luxo com a Hermès, que mostra em seu verão 2019 o máximo possível de casualidade que sua moda clássica pode atingir.

Por exemplo, havia jaquetas corta-vento na passarela, dessas usadas para a prática de montanhismo, mas feitas de camurça de gramatura leve, arrematadas por detalhes em corda nas barras da manga e no zíper.

Havia também um body, tão azul quanto as profundezas do mar, mas ele aparece combinado a uma calça de couro vazada como uma rede de marinheiro.

Nos pés de todas as modelos, variações de sandálias do tipo gladiadora, com fechos metálicos e detalhes preciosos em couro.

É tudo feito para um verão elegante, à beira do mediterrâneo, embalado pelos versos suaves de “Old Cape Cod”, de Patti Page, remixados com o peso de “At The River”, de Groove Armada. O velho e o mar, o jovem e a praia, todos embalados no couro mais nobre da praça.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.