Descrição de chapéu Moda

Paris pede menos tecnologia e mais mão humana em desfiles de costura clássica

Grifes Issey Miyake e Loewe desfilam técnica artesanal enquanto Dries Van Noten envereda pelo despojamento clássico

Paris

​Nem só de esporte e pele aparente são feitas as passarelas desta temporada de verão 2019 da semana de moda de Paris. Grifes de viés criativo clássico, que não se atêm apenas a criar tendências da estação, apostaram em forma, mistura de cores e, principalmente, técnica artesanal.

O trecê de palha e o crochê, por exemplo, foram destaques da manhã desta sexta-feira (28). Na Loewe, grife comandada pelo jovem Jonathan Anderson, os materiais viraram base para bolsas amplas, algumas em formato de saco, outras cilíndricas, acabadas em fitas de couro.

A sacada do estilsita foi privilegiar no corpo a modelagem clássica, despojada em camisas de seda com mangas longas e calças de alfaiataria, por exemplo, para criar uma imagem que não soasse hippie demais nem conservadora.

É um jogo de pesos e medidas bem executado, no qual uma blusa de tricô com trama aberta pode ser combinada a uma calça reta de couro, ou um costume de modelagem masculina pode ser usado com bolsa de palha e sapato com língua de tênis.

Esse mesmo olhar para tudo o que é tátil, texturizado, apareceu no desfile da grife Issey Miyake. Criadora dos plissados espiralados, o “pleats please”, a grife diminuiu o volume dessa técnica para apostar em formas simples e linhas retas em seus conjuntos de blusa justa e calça larga.

O estilista Yoshiyuki Miyamae imaginou uma coleção que falasse da importância da mão humana na construção da cultura. É um olhar distante da assepsia tecnológica que domina o varejo mundial, com centenas de produtos conectados ao smartphone e tecidos hi-tech.

Por isso, as estampas são feitas à mão com borrifos de tinta em relevo, como uma tábua usada pelo pintor para misturar as cores para ser usada na tela em branco.

As roupas conversam com a alfaiataria clássica, em peças minimalistas com acabamento mutante. O chapéu pode, com uma mexida, mudar de forma, os laços enrolados à cintura, esses, sim, plissados, podem ser remodelados ao gosto de quem usa.

É um conceito de moda fluída, orgânica, com um jogo de volumes próprio da costura japonesa e um padrão usado por Dries Van Noten, estilista belga celebrado pela ala intelectual da indústria fashion.

Na quarta-feira (27), Van Noten levou os convidados a uma viagem visual com peças de alfaiataria pinceladas de tons vivos, como splashes de tinta em tons opostos, a exemplo de um colete branco de alfaiataria sem mangas, longo como um vestido, cujo colo foi tingido de azul e amarelo.

O resultado é um despojamento fácil de usar, sem frescuras e que dá aquela sensação de que a pessoa não se esforçou para se vestir da forma mais chique possível.

Bolsas com cordas caídas, seguradas pela mão, compuseram a sinfonia de peças clássicas com acabamento de telas rendadas, plumas e franjas de brilho coladas ao tronco das roupas. 

Paris confirma que esse pendor para a artesania, aliás, uma característica que a costura brasileira poderia desenvolver com mais afinco em sua moda casual, já é uma das principais macrotendências para os próximos anos.

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