Primeiramente, "O Predador", de 2018, não é uma refilmagem de "O Predador", de 1987, mas uma continuação. Segundo, Shane Black, diretor do novo filme, não é John McTiernan, que realizou o longa oitentista e tem pontos mais altos em sua carreira.
Black dirigiu o interessante "Dois Caras Legais" em 2016, mas em "Homem de Ferro 3" (2013) não se pode dizer que fez um bom trabalho. É um diretor muito mais inconstante do que McTiernan, e este novo filme sofre com isso.
Predadores de outros planetas visitam a Terra de tempos em tempos. Um deles veio em 1987, outro na continuação de 1990 ("Predador 2: A Caçada Continua", de Stephen Hopkins), mas na história estávamos em 1997.
O personagem que nos lembra dessas visitas anteriores se esqueceu, ou não teve tempo de falar, da visita do terceiro filme, "Predadores" (2010), de Nimród Antal.
Agora, o predador sabe que os terráqueos estão em extinção, e por isso veio para levar um dos melhores de nossa espécie na tentativa de aprender maneiras de sobreviver no planeta.
Para enfrentar o bicho, há um grupo de lunáticos que se forma por acidente em um ônibus do Exército, liderado por Quinn McKenna (Boyd Holbrook), soldado que testemunhou a chegada de um predador fugitivo e por isso sabe demais.
Esse grupo é o que o filme tem de melhor. Quando a ele se junta, também por acidente, a cientista Casey Bracket (Olivia Munn), a "brodagem" tipicamente masculina e heterossexual empalidece frente à inteligência dessa mulher (que também luta, e bem, por sinal). Ela também sabe demais, e por isso passa a ser perseguida pelos agentes do governo.
A ambição do alienígena é capturar Rory (Jacob Tremblay), filho de Quinn. Rory é um garoto com habilidades mentais especiais que sofre bullying na escola por não se adaptar aos colegas, broncos perto dele.
Poderia ser um bom filme sobre a exterminação dos clichês de masculinidade, desde a infância. Mas essa questão se apresenta como um subtema, e assim ficará. A ação, como é de se esperar, corre solta, e com isso a velha testosterona de Hollywood assume o comando.
Só que, em 2018, "O Predador" não concorre tanto com outros filmes de ação, mas com os games. Então tudo é exagerado, cheio de piruetas inverossímeis, muito sangue e gosmas de outro planeta.
É adolescente a coisa toda. O que é curioso para um filme censura 18 anos.
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