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Se usar pele animal não é correto, Milão resolve o problema com pele humana

Versace e Roberto Cavalli descobrem coxas e colos em microvestidos estampadíssimos

Milão

Pressionada por ONGs e clientes ativistas, a moda agora tem de pensar duas vezes antes de matar um animal para produzir artigos de luxo. Enquanto Londres aboliu a pele animal nesta temporada de verão 2019, Milão, centro da peleteria europeia, resolveu a encruzilhada com mais pele, só que humana.

Duas grifes icônicas conhecidas por explorar o limite exato entre sexy e vulgar, Versace e Roberto Cavalli descobriram, cada uma à sua maneira, coxas e colos em microvestidos estampadíssimos.

Quase dói nos olhos a coleção de Paul Surridge para Cavalli, uma mistura de comprimentos minúsculos tingidos com estampas de animal, um dos poucos elementos da fauna terrestre disponíveis para uso.

Ele até tentou cortar conjuntos de blazer e bermuda justos, frutos de um talento raro para a alfaiataria, mas foram as fendas na barriga e nos ombros, um resumo do “cavallismo”, que saltaram na passarela da grife neste sábado (22).

Tops de manga longa apareceram sobrepostos a vestidinhos justos com decote em “U” até abaixo do umbigo, propostas que soam como tentativa de dar sentido glamoroso a tanta pele exposta.

Na mesma toada de misturar a estrutura da alfaiataria esportiva e o despudor do vestidinho de jérsei, a Versace ventilou o corpo de suas modelos com microvestidos de couro de um ombro só e outros tantos micro-qualquer-coisa floridos.

Com latinidade aparente, Donatella Versace criou uma amazona festeira, que curte tanto longos bordados com desenhos no mesmo padrão florido das estampas quanto saltos combinados a saias de couro, sempre curtíssimas.

Aliás, o couro de vaca, matéria-prima básica da moda italiana, resiste ao ativismo da indústria sustentável. A Tod’s, epítome da elegância coureira, cortou jaquetas fechadas por zíper, shortinhos de alfaiataria e diversos conjuntos de saia justa e blusa folgada com esse material, ainda fora da lista de artigos com risco de extinção na moda.

O couro de píton, cobra malaia amada por clientes de um estilo mais selvagem, foi usado apenas em detalhes nos ombros e em alguns acessórios, quase como um aviso prévio de que só estava ali compondo um visual.

Propostas elegantes de camurça pintada com listras de cores sóbrias, mescladas a outras acesas como o azul klein e o laranja elétrico, balanceiam a exposição exagerada das pernas e do colo aberto. 

Aqui, quase tudo é feito em tonalidades de bege e marrom, nuances de uma tendência maior da temporada italiana, o corpo nude.

O jornalista se hospeda a convite da Fila

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