Descrição de chapéu

Sem graça, comédia 'Crô em Família' apresenta enredo tacanho

Nem desempenho de atores renomados serve de alento para longa do caricato personagem

Marina Galeano

Crô em Família

  • Quando Estreia nesta quinta (6)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Marcelo Serrado, Arlete Salles, Tonico Pereira, Monique Alfradique e João Baldasserini
  • Produção Brasil, 2017
  • Direção Cininha de Paula

Veja salas e horários de exibição

Crodoaldo Valério vive. Mesmo depois de seis anos do fim da novela "Fina Estampa" e de um primeiro filme sofrido, o afetado mordomo de Tereza Cristina (Christiane Torloni) volta aos cinemas na comédia "Crô em Família".

O sucesso do personagem de Marcelo Serrado na trama de Aguinaldo Silva —exibida pela Globo entre 2011 e 2012— foi tamanho, que, em 2013, ele deixou de ser coadjuvante nas telinhas para virar protagonista nas telonas. E arrastou mais de 1 milhão de pessoas às salas de exibição.

Os números, obviamente, motivaram a investida em uma sequência —tão sofrida quanto a original e fora de timing, ainda por cima. Passado tanto tempo, Crô perdeu boa parte do apelo junto aos seus fãs da TV, os possíveis interessados nas novas-velhas peripécias do mordomo.

Não se trata exatamente de uma continuação; os eventos dos filmes não estão interligados, e as referências diretas à novela sumiram.

Mas, apesar da tentativa e da troca de direção —Bruno Barreto deu lugar a Cininha de Paula; Aguinaldo Silva segue à frente do roteiro—, a carcaça do longa-metragem praticamente não mudou.

Um festival de piadas sem graça, um amontoado de situações e figuras estereotipadas e, sobretudo, um enredo tacanho que limita o desempenho de atores renomados. Nem Rosi Campos, Arlete Salles e Tonico Pereira servem de alento.

Solitário e carente após a separação de Zarolho (Raphael Viana), Crô se torna alvo de uma família de trambiqueiros que juram de pés juntos serem seus parentes. O milionário acredita na conversa fiada, coloca os suburbanos pra dentro de casa e passa a correr risco de vida.

A narrativa manjada é permeada por gírias fora de moda (na linha "pediu pra parar, parou" e "sai da minha aba"), falas dirigidas à câmera e referências fora do contexto.

Os raros lampejos de graça se devem às participações de Marcus Majella (Ferdinando) e Luis Miranda (Dorothy).

Mesmo com a penca de equívocos, não será surpresa se o rescaldo da popularidade do caricato personagem ajudar a criar outro sucesso de bilheteria.

É inegável que os filmes comerciais recentes reaproximaram o público do cinema nacional. Mas, já que é para sair de casa e pagar pelo ingresso, o espectador merece algo minimamente mais elaborado e inteligente.

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