Sob efeitos da alta do dólar, ArtRio mira nos estrangeiros

Número de colecionadores e curadores de fora do país que visitarão o evento subiu de 60 para 140

Obras da oitava edição da ArtRio - Marcelo Fonseca/Folhapress
Ana Luiza Albuquerque
Rio de Janeiro

Os efeitos do dólar alto, negociado a mais de R$ 4, chegaram também à ArtRio. A nova realidade da taxa de câmbio resultou em dois movimentos —em sua oitava edição, o evento passa a ser quase que inteiramente composto por artistas nacionais, ao mesmo tempo em que recebe mais colecionadores estrangeiros.

Segundo a organização da ArtRio, 90% das peças à venda são de artistas brasileiros, em comparação a cerca de 70% na última edição. Além disso, subiu de 60 para 140 o número de colecionadores e curadores estrangeiros que visitarão o evento, podendo adquirir itens sob um câmbio favorável.

Brenda Valansi, presidente da feira, diz que as dificuldades políticas e econômicas levaram a organização a prestigiar as galerias brasileiras.

"Quando se faz uma feira focada, no caso em arte brasileira, uma arte muito bem vista internacionalmente, as pessoas se atraem mais em vir. Para o estrangeiro que tem interesse em arte brasileira, é cômodo vir e ainda fazer toda a programação paralela que a gente oferece", afirma.

Brenda ressalta que a arte nacional deixou de ser estereotipada e que hoje dialoga com a linguagem internacional. "Os estrangeiros estão muito felizes em ver essas obras de arte com qualidade incrível, que, para eles, está maravilhoso para comprar."

Nesta edição, a ArtRio terá 87 expositores, frente aos 70 do ano passado, e estará aberta ao público de quinta-feira (27) a domingo (30), na Marina da Glória, no Rio. A organização prevê cerca de 50 mil pessoas no evento, cujo ingresso custará R$ 40. Há peças a partir de R$ 900.

As 87 galerias são distribuídas entre dois setores principais, Vista e Panorama, e quatro programas curados: Mira, Solo, Palavra e Brasil Contemporâneo. Este último, de curadoria de Bernardo Mosqueira, é o que mais simboliza a escolha da edição de valorizar a arte nacional.

O programa é composto somente por galerias cujos artistas residem fora do eixo Rio-SP, deslocando o olhar para a produção artística de outros estados. "A produção do Brasil é superdiversa, potente e plural. É uma vontade de aumentar a capilaridade da feira", diz o curador.

O evento também terá uma programação de conversas, das quais participarão nomes como Evandro Salles, do MAR (Museu de Arte do Rio), e Martijn van Nieuwenhuyzen, do Stedelijk Museu de Amsterdã.

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