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'Um Jantar entre Espiões' tem clímax manjado e desapontador

Autor Olen Steinhauer concentra a ação num único cenário, um restaurante

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Um Jantar entre Espiões

  • Preço R$ 39,90 (238 págs.)
  • Autoria Olen Steinhauer
  • Editora Record
  • Tradução Rodrigo Salem

Não é de hoje que muitos autores escrevem livros sonhando em vendê-los para o cinema ou TV. Com a dificuldade de atrair leitores e o crescimento do mercado audiovisual, negociar sua história com uma produtora de filmes ou séries tornou-se uma realidade.

Leitores de romances policiais, de espionagem ou mistério acostumaram-se a ver histórias que parecem ter sido escritas unicamente com a adaptação cinematográfica em mente. É o caso de "Um Jantar entre Espiões", do americano Olen Steinhauer.

Em comum, esses livros costumam trazer uma "sacada", algo que os diferencie da concorrência. E a sacada de "Um Jantar entre Espiões" é concentrar a ação num único cenário, um restaurante de uma pacata cidade californiana, onde um agente e uma ex-agente da CIA se encontram.

Cena do filme 'Festim Diabólico' (1948), que assim como 'Um Jantar entre Espiões' concentra a ação num único cenário - Reprodução
 

Henry Pelham e Celia Harrison eram amantes, mas acabaram separados depois de uma operação antiterrorista malsucedida que resultou na morte de 120 inocentes. Anos depois, Celia largou a CIA, casou-se, teve filhos e vive, infeliz, com um marido mais velho. Henry continua na agência e não consegue esquecer suas noites ardentes com Celia.

Acontece que uma nova informação veio à tona, e a CIA desconfia que um traidor ajudou os terroristas. Henry é enviado à Califórnia para entrevistar Celia e tentar descobrir a identidade do traidor.

No restaurante, os ex-amantes conversam e revisitam não só a operação antiterrorista, mas sua vida conjugal. As histórias são contadas ora do ponto de vista de Celia, ora sob a ótica de Henry, e a verdade surge pouco a pouco.

O artifício de concentrar a ação de uma narrativa num espaço confinado não é exatamente novo (há 70 anos, Hitchock fez um filme inteiro dentro de uma sala, "Festim Diabólico", adaptado de uma peça de 1929), mas parece ter bastado para que "Um Jantar entre Espiões" recebesse boas críticas no exterior à época de seu lançamento, em 2015.

O que o livro não tem é um enredo minimamente interessante. Steinhauer parece tão ocupado em criar uma narrativa diferente que se esqueceu de artigos de primeira necessidade do romance de espionagem, como uma trama surpreendente, personagens complexos e reviravoltas.

O clímax é um tanto manjado e desapontador, e o terço final se arrasta para uma conclusão nada inventiva.

Mas Steinhauer não precisa se preocupar, já que vendeu os direitos do livro para o cinema antes mesmo de seu lançamento. Podem aguardar, num cinema próximo de você: "Um Jantar entre Espiões", dirigido por James Marsh ("A Teoria de Tudo") e estrelado por Michelle Williams ("Manchester à Beira-Mar") e Chris Pine ("Star Trek Beyond").

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