Descrição de chapéu

Visualmente grandioso, 'Alfa' fica no limite entre o simples e o banal

Epopeia glacial conta a origem da relação entre humanos e cães

Marina Galeano

Alfa (Alpha)

  • Quando Estreia nesta quinta (6)
  • Classificação 10 anos
  • Elenco Kodi Smit-McPhee, Jóhannes Haukur Jóhannesson e Natassia Malthe
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Albert Hughes

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Uma imagem vale mais do que mil palavras. A expressão resume a premissa de "Alfa", epopeia glacial que conta a origem da relação entre os humanos e seus melhores amigos de quatro patas.

O filme de Albert Hughes se apresenta visualmente grandioso desde as primeiras cenas.

Sequências de paisagens deslumbrantes se revezam na tela. Montanhas, florestas, desertos, geleiras. A natureza é reconstruída a partir de uma mistura de cenários reais (do Canadá, EUA e Islândia) e computação gráfica.

Por outro lado, o filme também revela sua pobreza narrativa logo no início. Em uma história ambientada na Europa, há cerca de 20 mil anos, que fica no limite entre o simples e o banal.

Os minguados diálogos se limitam a disparar pieguices, como "os fortes têm que fazer por merecer" e "para sobreviver temos que ter paciência, não podemos desistir". Aqui vale uma observação relevante: a versão dublada exibida à imprensa certamente piorou as impressões sobre a saga de Keda (Kodi Smit-McPhee).

Filho de um líder tribal, o jovem é atacado por um bisão furioso durante o ritual de caça que marca sua passagem para o mundo adulto. Após cair de um penhasco, ele é dado como morto pelo pai (Jóhannes Haukur Jóhannesson).

O jovem resiste à queda, mas se vê machucado e sozinho num ambiente hostil, cheio de perigos —como uma alcateia faminta. É nesse ponto que o personagem mais carismático e expressivo do longa-metragem, enfim, mostra o focinho.

Após golpear um dos lobos para se defender, Keda decide cuidar do animal e o batiza de Alfa. Lentamente, os dois estabelecem um vínculo de confiança e parceria, fundamental ao herói em sua jornada de sobrevivência e amadurecimento.

Juntos, eles enfrentam nevascas, tempestades, fome, frio, ataques de tigre e hienas... Sofrência digna de Leonardo DiCaprio em "O Regresso" (2015), somada à amizade bonitinha de um jovem e de um filhote de lobo em "Caninos Brancos" (1991), da Disney.

As notáveis inspirações, porém, não salvam o resultado final de "Alfa" —inconsistente devido ao desequilíbrio entre fotografia e roteiro. Além do forte apelo visual, o filme tem pouquíssimo a oferecer, até mesmo para os fãs de filmes com cachorros.

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