Família da performer Ana Mendieta acusa Amazon de plágio no filme 'Suspiria'

Longa de Luca Guadagnino reproduziria imagens da obra da artista, dizem herdeiros

Dakota Johnson, Mia Goth, and Olivia Ancona em cena de 'Suspiria' (2018), de Luca Guadagnino
Dakota Johnson, Mia Goth, and Olivia Ancona em cena de 'Suspiria' (2018), de Luca Guadagnino - Divulgação
São Paulo | Com agências de notícia

Os familiares e detentores dos direitos autorais da obra da performer, artista visual e pintora cubana-americana Ana Mendieta, morta em 1985, estão processando a Amazon Studios por plágio.

Desde a morte da artista, sua família proibiu a reprodução comercial de sua obra. Mendieta ficou conhecida por ser um expoente do feminismo, ao retratar a violência cotidiana sofrida pelas mulheres.

Segundo a família, o filme “Suspiria”, distribuído pela Amazon e com estreia prevista para 26 de outubro, usou partes do trabalho da artista em suas cenas sem autorização.

Para eles, as imagens que aparecem no trailer, como a das mãos de uma mulher atadas com cordas, replicam uma cena de estupro em um trabalho de Mendieta feito em 1973 —essa obra pode ser vista agora na mostra "Mulheres Radicais", na Pinacoteca, em São Paulo. 

Outra cena, onde a silhueta do corpo de uma mulher aparece em um lençol branco, também é apontada como plágio. A imagem replicaria um trabalho de 1978 da artista, chamado “Silueta”, segundo os familiares.

Nessa série, Mendieta  quis mostrar a criação da natureza feminina por meio de esculturas de barro, areia e grama.

No total, os herdeiros apontam oito cenas como possível plágio da obra de Mendieta.

De acordo com a revista Variety, o diretor de “Suspiria”, Luca Guadagnino, já havia afirmado, em entrevistas anteriores, ter usado a artista como inspiração para fazer o filme —que é baseado no clássico do terror “Suspiria”, de Dario Argento, lançado em 1977.

As cenas do trailer foram removidas, e a família agora espera uma indenização, além de uma ordem judicial proibindo a Amazon de utilizar as imagens da artista.

Ana Mendieta nasceu em Havana e se mudou aos 12 anos para os Estados Unidos, na tentativa de fugir do regime de Fidel Castro.

Sua obra era autobiográfica e incluía temas como o feminismo, a morte, a violência e o estupro.

A artista também é conhecida como uma das pioneiras da body art. Mendieta geralmente retratava a ligação do corpo da mulher com a natureza, em uma tentativa de descoberta da essência feminina.

Ela era casada com o escultor Carl Andre e morreu em Nova York, após cair do 34º andar de seu apartamento. Na época, testemunhas afirmaram terem presenciado uma briga entre o casal na noite anterior à morte da artista.

Em 1988, em meio a circunstâncias controversas, Andre foi acusado de assassinato pela Justiça, mas acabou inocentado no mesmo ano.

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