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'Juliet, Nua e Crua' tem trama de amor comum, mas escapa do trivial

Comédia romântica com Rose Byrne é adaptação do romance homônimo de Nick Hornby

Bruno Ghetti

Juliet, Nua e Crua (Juliet, Naked)

  • Quando Estreia nesta quinta (4)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Rose Byrne, Ethan Hawke, Chris O’Dowd
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Jesse Peretz

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É um mistério que Rose Byrne até hoje não tenha o status que merecia. Apesar de seu excepcional domínio técnico e uma presença cênica sempre graciosa, Hollywood ainda lhe deve um papel à altura de seu potencial. Na comédia romântica “Juliet, Nua e Crua”, ela quase ganha um, mas as limitações do gênero a impedem de maiores voos com a personagem. 

Ainda assim, Rose dá todo um colorido especial a Annie, uma inglesa entediada que vive há 15 anos uma relação insossa com Duncan (Chris O'Dowd). Ela sonha ser mãe, mas o parceiro está mais interessado em idolatrar um ex-astro da música, Tucker (Ethan Hawke), que há anos largou o showbiz. A web permite que, um dia, Annie e Tucker se conheçam —e se envolvam. Formarão com Duncan não exatamente um triângulo amoroso, mas algo próximo a isso.

O longa é uma adaptação surpreendentemente boa do romance homônimo de Nick Hornby (Juliet não é uma mulher, mas o nome de um álbum). Pode até não ter a mesma riqueza analítica sobre o pop e o comportamento humano no mundo pós-internet, mas o espirito de Hornby está lá, intacto. E se o filme reduz um pouco as hesitações dos personagens, preserva o tom agridoce e as tiradas adoravelmente sagazes do livro.

Ex-baixista do Lemonheads e diretor de clipes do Foo Fighters, o cineasta Jesse Peretz nem sempre é visualmente criativo, mas é um gênio do ritmo; seu longa é de fluidez rara em comédias românticas, sem os empelotamentos sacarosos comuns em histórias de amor.

O tema de “Juliet”, no fundo, é banal: buscar uma vida menos vazia. Mas o filme escapa da trivialidade. Por exemplo: em uma trama de amor comum, o interesse de Annie por Tucker se explicaria por mera carência afetiva. Mas em “Juliet”, há mais camadas: é também uma forma de Annie exercer seu instinto materno (já que Tucker não passa de um crianção). É igualmente um modo de ela inflar o próprio ego diminuto (afinal, além de elogiar sua capacidade crítica, Tucker já foi um astro). E não deixa de ser uma rixa com Duncan (ao conquistar o ídolo do ex, Annie se sobrepõe a ele).

Mas claro, há um dado mais prosaico: Tucker é de fato charmoso. Hawke, melhor a cada filme, está meio no automático desta vez, fazendo uma variação de seus papeis em “Antes da Meia-Noite” e “Boyhood”. Mas como reclamar, se ele é tão efetivo nessas variantes de si mesmo?

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