A moda é uma arte revolucionária na sua construção e totalmente crítica com os materiais certos ou estampas discursivas ou desenhos que contribuem com saberes empíricos. Toda costura esconde uma história em sua linha, prendendo uma peça na outra, criando vínculos que só o suor deixado na roupa revela.

Peças exclusivas têm um poder incrível, as calças que você modifica contêm sua vontade de ser diferente, mesmo você sendo um ser único. 

A função de todo ser humano, no frio, é de se esquentar e não morrer. Algumas pessoas ainda passam frio, mas outras passam estilo.

Os carros espalhados pelo ambiente deixam o rolê bem agradável, faz a gente pensar que sempre vamos nos arrumar bastante e caprichar no visual para entrar em um carro antes de chegar à festa. 

A fabricação de carros sem parar afeta meu raciocínio dentro de um desfile, como um símbolo na produção incansável do ineditismo que um estilista tenta trazer. A passarela vira um avenida congestionada de modelos carregando nos seus corpos as boas novas sobre o contemporâneo. 

Enfim, a arte da moda é tão desprendida que deveria acontecer em um local sem paredes, com acesso às pessoas em condição de rua e catadores de recicláveis que têm contato direto com quase todo tipo de material descartado ou escondido no lixo da rua Santa Ifigênia.

Se fosse público, serviria como um destrave para eles perceberem quão gostoso é brincar de fazer moda e construir looks inovadores a partir do que se tem acesso, das palhas de bolsas feitas no Tocantins às blusas de retalhos do Brás.

Ver a marca Ão, com uniformes futuristas de cor violenta, e a Korshi 01, com sua cremosidade na versatilidade de linhas sutis, foi incrível. Os dois peculiares e inovadores. 

Prezo muito na arte o lúdico e o momento da descontração, assim senti uma leve falta disso no evento.

No mundo de hoje, quando não conseguimos interagir com a pessoa ao lado, a consequência é enfiar a cara no celular e procurar um contato online.

Por isso, o sorriso tem sua importância e a diversão que sinto vendo a produção de @estileiras e @brechoreplay me deixa esperançoso. O humor, a crítica, o reúso de peças de brechó misturado a danças e passos inusitados na passarela inovam o modo de apresentação de suas coleções.

Edgar é rapper de Guarulhos, lançou neste ano o álbum ‘Ultrassom’