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'O Primeiro Homem' é fiel aos fatos, mas peca pela falta de adrenalina

Filme narra o pouso na Lua como uma cadeia de fatos, sem ganchos dramáticos

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O Primeiro Homem (First Man)

  • Quando Estreia nesta quinta (18)
  • Elenco Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Damien Chazelle

Veja salas e horários de exibição

Algo não funcionou em "O Primeiro Homem". Não a ponto de comprometer o filme. Ainda é um passatempo bem agradável para o público em geral e um programa irresistível para quem já sonhou em ser astronauta ou tem muita curiosidade sobre a corrida espacial.

Mas todo mundo esperava mais do filme do diretor Damien Chazelle, principalmente depois de sua consagradora homenagem aos musicais em "La La Land", há dois anos.

Para aumentar as expectativas, ele reencontrou no projeto o ator Ryan Gosling, outro nome do filme de 2016.

É justamente Gosling que parece carregar os problemas de "O Primeiro Homem". O astronauta Neil Armstrong pode ter sido uma figura taciturna, contida, mas às vezes o ator deixa o personagem entediante na busca desse registro.

Assim, em alguns momentos do filme que deveriam mostrar a frieza de Armstrong, o que se vê é um homem quase apalermado. Quando sofre um revés, como a morte de um amigo astronauta, a reação do protagonista se resume a ir até o quintal e ficar olhando o céu.

O personagem de Gosling também não demonstra ficar afetado diante da pressão em casa, quando tem sua atuação como pai confrontada pela mulher, Janet. No papel, a inglesa Claire Foy, a rainha Elizabeth da série de TV "The Crown", não tem muito o que fazer além de franzir a testa quando fica preocupada com o marido no espaço.

Colocadas as críticas ao trabalho do ator principal, sobra um filme movimentado e bem editado, que tem como grande mérito exibir um lado pouco glamouroso do programa espacial americano.

Os projetos Gemini e Apolo aparecem como laboratórios espartanos, nada brilhosos como aqueles que filmes de sci-fi costumam associar à tecnologia da conquista do espaço.

Os astronautas viajam em assentos pouco confortáveis, sofrem com o calor, machucam o corpo na turbulência dos voos e passam apuros causados por defeitos mecânicos primários. Formam um grupo de heróis improváveis.

A sucessão de avanços e atrasos no cronograma da trajetória até o pouso na Lua é tratada mais como uma competição comercial com a rival União Soviética do que um evento de proporções épicas.

Dessa forma, quando o enredo se aproxima de 1969 e da missão Apolo 11, o roteiro deixa passar chances de imprimir tintas fortes para um quadro de tanta força histórica.

O processo é uma cadeia de fatos, sem preocupação de criar ganchos dramáticos. É uma narrativa enxuta demais, que a citada frieza exagerada de Gosling só acentua.

Transformada em aventura morna, quase documental, a descida do homem no solo lunar é pouco aventureira. Uma aula meticulosa sobre uma conquista monumental da humanidade, sem a carga de emoção que o bom cinema consegue proporcionar.

"O Primeiro Homem" poderia ser melhor. Talvez seja impecavelmente fiel aos fatos, o que costuma ser um ponto positivo em adaptações de episódios reais às telas, mas merecia uma injeção de adrenalina.

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