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Penguin Random House compra controle majoritário da Companhia das Letras

Luiz Schwarcz continua como presidente do grupo

Luiz Schwarcz, editor  e diretor da Comapanhia das Letras
Luiz Schwarcz, editor e diretor da Companhia das Letras - Eduardo Knapp/Folhapress
Maurício Meireles
São Paulo

A Penguin Random House, maior grupo editorial do mundo, passará a ter controle majoritário da Companhia das Letras —em 2012, o grupo havia comprado participação de 45% na editora brasileira, e agora passa a ter 70%.

“Estou confiante de que, em longo prazo, a situação macroeconômica brasileira vai melhorar”, disse em nota Markus Dohle, presidente do conglomerado editorial.

Apesar dos inúmeros boatos nos últimos anos de que Luiz Schwarcz, fundador da casa, preparava uma aposentadoria, ele continuará na Companhia das Letras como presidente por tempo indeterminado. Ele e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz passam a ter 30% do controle acionário da empresa.

A aquisição de parte da editora pela Penguin, em 2012, já previa em contrato que a empresa estrangeira teria uma opção de compra do controle majoritário em 2013 —o prazo foi prorrogado para 2018, quando a Random House se fundiu à Penguin.

“Havia uma expectativa que, em 2018, o Brasil estaria melhor. Não foi o que aconteceu, mas era uma regra de contrato”, diz Schwarcz, que vendeu 6% de sua participação.

O fundador da Companhia afirma que, no acordo, a independência editorial da casa foi assegurada pelos sócios estrangeiros. “Desde o começo do ano conversamos em que condições isso aconteceria. A opção [de compra] vencia hoje. Na sexta passada, batemos o martelo.”

A família Moreira Salles, que se associou à editora no começo de suas atividades, agora deixa a sociedade.

“Essa será a única diferença. Os Moreira Salles contribuíram muito no começo, mas, numa situação em que nos tornaríamos minoritários, para eles perderia o sentido continuarem presentes.”

Schwarcz espera que, com a transação, haja maior transferência de tecnologia e recuros para a Companhia das Letras —uma vez que, de sócios, os estrangeiros passam a ser proprietários.

A negociação foi antecipada, no começo de setembro, pela coluna Painel das Letras. O presidente da Penguin Random House, Markus Dohle, havia afirmado, em evento para investidores na Alemanha, que entre seus planos para 2018 estava assumir o controle da Companhia das Letras.

“Queremos dar outro passo importante no Brasil, onde pretendemos ganhar participação majoritária na Companhia das Letras”, disse.

O desejo foi tornado público em março, num evento da Bertelsmann, conglomerado de mídia alemão que tem o controle da Penguin.

A aquisição coloca a Companhia das Letras em posição de vantagem  em  meio à forte crise que atinge o mercado editorial. Nos últimos anos, as duas principais redes de livrarias do país, Cultura e Saraiva, vinham atrasando pagamentos aos editores.

Na semana passada, a Cultura, impedida da pagar seus credores, entrou com um pedido de recuperação judicial, aceito pela Justiça. Já a Saraiva anunciou, nesta segunda (29), o fechamento de 20 lojas.

“Falei para eles [da Penguin Random house] que a crise está se agravando. Disse que a gente poderia determinar outra data [para a venda]. Eles investiram acreditando que a crise vai passar. Não há mensagem mais positiva para o mercado editorial brasileiro do que essa”, diz Schwarcz.

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