Verônica Ferriani canta as dores de amor em disco de criações próprias

Escapando do caminho apenas de intérprete, cantora lança Aquário, seu segundo trabalho de composição

Luiz Fernando Vianna
Rio de Janeiro

Verônica Ferriani ficou conhecida em São Paulo, na década passada, cantando músicas alheias, em especial sambas. O caminho de intérprete poderia ser confortável, mas ela decidiu trilhar também o de compositora.

Após o bem recebido “Porque a Boca Fala Aquilo do que o Coração Tá Cheio”, Ferriani, 40, lança “Aquário”, segundo CD só de criações próprias.

Se o disco anterior era autobiográfico, registro de mulher dilacerada por uma relação amorosa, no de agora há menos letras em primeira pessoa e mais atenção sobre o mundo à volta.

Uma das faixas se chama, não por acaso, “Amadurecer”. O repertório começa com “Desajustada”, na qual há dor de amor, mas em terceira pessoa. Em “Amado Imortal”, diz: “Queda é cair em si além do espelho”. “Nave”, parceria com Clarice Peluso e a única não inédita (já foi gravada por Xênia França), trata de redes sociais e de um tempo com mais julgamentos do que cuidados.

Esses exemplos ilustram o porquê de a cantora ter imaginado um aquário como conceito do trabalho, embora não se ouça a palavra no disco.

A cantora Verônica Ferriani no show de lançamento do álbum "Se a Canção Mudasse Tudo", da  cantora Manuela Rodrigues, em foto de 2016
A cantora Verônica Ferriani no show de lançamento do álbum "Se a Canção Mudasse Tudo", da cantora Manuela Rodrigues, em foto de 2016 - Bruno Poletti/Folhapress

“É metáfora da cidade, onde procuramos viver em ambientes controlados, protegidos. Ao mesmo tempo, há transparência num aquário”, diz ela, nascida em Ribeirão Preto, mas vivendo na capital paulista há 20 anos.

Em algumas canções, como “Nomes de Homem” e “Ponto de Fuga”, o conceito fica mais claro. Mas o CD não tem letras diretas, fáceis, indicando uma compositora mais corajosa.

Ela conta que compôs tocando o violão como se fosse um baixo. E que isso deu liberdade para arranjos mais livres e com sonoridade mais pop.

Em “Bússola” convivem ijexá e piano jazzístico; em “É Só o Amor”, bolero e efeitos eletrônicos. Há várias combinações, incluindo-se aí o uso de cordas e sopros, em arranjos do coprodutor Diogo Strausz.

Ferriani ousa bastante nos projetos em que é cantora e compositora, mas se mantém como intérprete em trabalhos de câmara. Tem feito shows acompanhada só de violão.

E participa de vários CDs coletivos, como, recentemente, os dedicados aos repertórios de Dalva de Oliveira e Luiz Vieira. “Eu sigo como intérprete. Tenho necessidade de compor, mas preciso da liberdade de manter os dois caminhos, que são complementares.”


Aquário
Verônica Ferriani. Selo independente. R$ 25 e nas plataformas digitais. Show na sex. (19), às 21h, no Sesc Pompeia (r. Clélia, 93; R$ 6 a R$ 20)

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