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Documentário 'Carvana' retrata diretor que se divertia mais do que ninguém

Filme de Lulu Corrêa pouco fala de TV e teatro; concentra-se na trajetória dele nos sets

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CARVANA - COMO SE FAZ UM MALANDRO

  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Lulu Corrêa

A convite do então governador do Rio Leonel Brizola, o ator e diretor Hugo Carvana presidiu a Funarj, fundação ligada à secretaria da cultura, em meados dos anos 1980. 

Como ele mesmo conta no documentário “Carvana”, a carga administrativa o deixou muito angustiado e deu a ele 14 kg a mais. 

Só se recuperou depois de deixar a função para participar de “Avaeté” (1985), longa dirigido pelo amigo Zelito Viana. As filmagens no Mato Grosso devolveram a ele o vigor físico e criativo. 

Carvana não foi o melhor ator do cinema brasileiro. Tampouco esteve entre os melhores diretores. Mas não é fácil indicar alguém tão fascinado pela arte de fazer filmes no país quanto ele foi. 

Cena do documentário 'Carvana - Como se Faz um Malandro'
Cena do documentário 'Carvana - Como se Faz um Malandro' - Divulgação

Carvana participou de bons projetos da Globo, como o seriado “Plantão de Polícia”, mas sempre preferiu o cinema à teledramaturgia. Acertadamente, portanto, a produção dirigida por Lulu Corrêa pouco fala de TV e teatro. Concentra-se na trajetória dele nos sets de filmagem. 

Diretora-assistente de Carvana em filmes como “Apolônio Brasil” (2003), Lulu opta por uma estrutura simples, cujo fio-condutor é uma entrevista feita com ele meses antes da sua morte, em 2014. Os depoimentos são intercalados por interpretações e registros do cineasta em ação. 

Se não prima pela originalidade, o arranjo cronológico tem a vantagem de mostrar como a carreira de Carvana está colada à história do cinema brasileiro, com suas glórias e derrocadas.   

Nascido em 1937, ele começou a atuar na década de 1950, em chanchadas como “Trabalhou Bem, Genival” (1955), de Luiz de Barros. 

Passadas as comédias ingênuas, jogou-se na revolução do cinema novo. Entre o começo dos anos 60 e o início dos 70, esteve em filmes de Glauber Rocha, Ruy Guerra, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, entre tantos outros. 

Carvana estreou como cineasta com “Vai Trabalhar, Vagabundo” (1973), provavelmente sua melhor comédia. Nos anos seguintes, lançou outros filmes do gênero, nos quais conciliou direção e interpretação, como “Se Segura, Malandro” (1977) e “Bar Esperança” (1982).

Foi à falência com o fim da Embrafilme, no governo Collor, mas soube se reerguer ao dirigir filmes como “O Homem Nu” (1997). 

O documentário é, no entanto, mais do que um olhar sobre o homem e o seu tempo. Retrata ainda um diretor que se divertia mais do que ninguém durante as filmagens.

“Comédia tem que ser engraçada no ato de fazer. Boto atrás da câmera o clima que quero ver na frente”, diz ele.

A cena final é uma bela síntese desse encantamento que acompanhou toda uma vida. 

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