Lista dos cem mais poderosos da arte inclui MeToo em 3º lugar e 3 brasileiros

Movimento 'mudou o clima no qual se apontam curadores e se entregam prêmios', diz revista ArtReview

grupo de mulheres faz gesto com a mão

Protesto de mulheres em Bilbao, Espanha, no último 8 de março Vincent West/Reuters

Walter Porto
São Paulo

O movimento MeToo, que tem denunciado abusos contra mulheres e deflagrado discussão sobre a disparidade de gênero, produziu abalos nos mais diversos ramos da economia e da cultura —inclusive no mercado de arte, como atesta a mais recente lista dos Power 100 da revista ArtReview.

A publicação prestigiosa, que escolhe anualmente os cem mais poderosos do mundo da arte, colocou o movimento no terceiro lugar do ranking divulgado neste mês. 

Como justificativa, destacou que mudanças dramáticas de poder no mercado em 2018 se devem diretamente aos protestos feministas. "Além de provocar renúncias de alto nível, o MeToo mudou o clima no qual se apontam curadores, se entregam prêmios e se enquadram exposições", escreveu a revista.

São citadas no terremoto que acometeu a cena cultural as denúncias que levaram à demissão de Riyas Komu, cofundador da Bienal Kochi-Murizis, na Índia, maior festival de arte contemporânea da Ásia; e o movimento We Are Not Surprised, grupo de artistas e funcionários do mercado de arte que acusou Knight Landesman, então publisher da revista Artforum, de assédio sexual.

No primeiro lugar da lista, está o galerista alemão David Zwirner, que tem ocupado posições no top dez do ranking desde 2010 e agora chega à pole position, no ano em que expandiu sua galeria —que já tem três espaços em Nova York e um em Londres— também para Hong Kong.

Zwirner representa mais de 60 artistas, incluindo as superestrelas Jeff Koons e Yayoi Kusama, e tem faturamento anual estimado em cerca de meio bilhão de dólares.

O Brasil aparece com três nomes no top cem: a posição mais alta é a da galerista paulistana Luisa Strina, constante no ranking desde 2012, mas que caiu 30 posições em comparação a 2017, de 49º para 79º lugar.

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A galerista Luisa Strina foi a 79ª do ranking - Greg Salibian/Folhapress

Em 96ª posição, vem Vanessa Carlos, que estreou em 100ª na lista no ano passado e é responsável, em Londres, pelo projeto Condo, que organiza colaborações entre galerias —ela também foi uma personagem vocal do movimento We Are Not Surprised nos últimos meses.

E em 98º, com queda de sete posições desde o ano passado, estão Felipe Dmab, Pedro Mendes e Matthew Wood, donos da galeria Mendes Wood DM, com presença em São Paulo, Nova York e, recentemente, Bruxelas.

O Brasil já foi mais populoso no ranking da ArtReview —em 2014, os quatro representantes do país incluíam Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, e Bernardo Paz, fundador do Inhotim. As quedas apontam para o período difícil que vivem as artes brasileiras nestes anos de recessão —mais crítico em instituições como a de Brumadinho (MG), às voltas com seus próprios escândalos financeiros.

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