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Livros minúsculos agora cabem em uma mão e podem mudar nossa forma de ler

John Green abre filão de obras impressas em formato que lembra um smartphone

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Nova York | The New York Times

Como objeto físico e façanha de tecnologia, o livro impresso é difícil de melhorar. Excetuadas algumas alterações cosméticas, a forma mal evoluiu desde que surgiu como alternativa convincente aos rolos de pergaminho.

Por isso, quando Julie Strauss-Gabel, presidente e editora-chefe da Dutton Books for Young Readers, descobriu os “dwarsliggers” —livros minúsculos e horizontais que se tornaram um formato editorial muito prestigiado na Holanda—, encarou a descoberta como revelação.

“Assim que os vi, foi como uma explosão”, ela disse. “E me atribuí como missão descobrir de que maneira nós poderíamos fazer o mesmo”.

No último mês, a Dutton, parte da editora Penguin Random House, começou a lançar sua primeira leva de minilivros, com novas edições de quatro romances de John Green, escritor de muito sucesso entre jovens e adolescentes. 

As minúsculas edições têm o tamanho de um celular e a espessura de um polegar, com papel fino como uma casca de cebola. Os livros podem ser lidos com uma só mão —o texto flui horizontalmente, e pode-se virar as páginas para cima, como se o leitor estivesse subindo a tela do smartphone.

É uma experiência ousada que, se encontrar sucesso, pode mudar o panorama do mercado editorial e talvez até a maneira de ler das pessoas. No ano que vem, a Penguin Young Readers planeja lançar mais minilivros.

Nos últimos dez anos, cerca de 10 milhões de cópias de livros nesse formato foram vendidas na Europa, com miniedições de autores contemporâneos populares como Dan Brown e John le Carré e clássicos como Agatha Christie e F. Scott Fitzgerald.

Quando Strauss-Gabel perguntou a Green se ele gostaria de ver seus romances usados como teste do formato nos Estados Unidos, ele se interessou de imediato.

“Como muitos escritores, eu sou bem nerd quanto à produção de livros, e os pequenos detalhes que tornam um livro físico especial”, disse Green. “Não me pareceu um truque de vendas, e sim uma maneira nova e diferente de ler”.

O autor do best-seller “A Culpa É das Estrelas”, de certa forma, é o ideal para lançar a experiência. Ele tem uma base dedicada de fãs jovens e muitos seguidores em mídias sociais. As miniversões dos romances de Green serão vendidas por US$ 12 cada, ou em uma caixa com os quatro volumes por US$ 48, em grandes cadeias de varejo americanas e em livrarias independentes. 

A Dutton e Green esperam que leitores de uma geração que cresceu com a internet sejam receptivos a um livro que pode ser lido com uma mão só. “Os jovens ainda estão descobrindo de que maneira gostam de ler”, disse o escritor. 

Não se pode garantir que um formato novo e desconhecido vá se tornar popular. Mas a Dutton mostra otimismo cauteloso quanto a uma decolagem do formato na temporada de festas, e sua tiragem inicial dos romances é de 500 mil cópias.

Tradução de Paulo Migliacci.

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