“Animais Fantásticos e Onde Habitam” chegou aos cinemas em 2016 com o jogo ganho. Os adeptos de Harry Potter ainda lamentavam o fim dos filmes do bruxinho, então uma nova saga escrita por J.K. Rowling, ambientada algumas décadas antes no universo do personagem, veio amenizar a crise de abstinência dessa legião de fãs.
Estreia agora o segundo dos cinco filmes prometidos na saga. Em “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”, o magizoólogo Newt Scamander é convocado por seu professor em Hogwarts, Albus Dumbledore, para perseguir o mago das trevas Gellert Grindelwald, que foge do Congresso Mágico dos EUA.
De certa forma, o novo longa pode ser considerado uma espécie de “O Império Contra-Ataca” da franquia “Animais Fantásticos”.
Como o segundo filme de “Star Wars” lançado nos cinemas, é mais movimentado que o primeiro e tem maior dose de efeitos visuais, desenvolvimento de personagens interessantes e, principalmente, um final que deixa várias pontas desamarradas para o próximo longa da série.
O filme não é nada didático. Quem resolver vê-lo sem conhecer o primeiro irá ficar perdido entre os dois lados que duelam no submundo dos bruxos na década de 1920. E a narrativa inconclusiva depois de duas horas de sessão pode frustrar os desavisados.
Definitivamente uma obra para iniciados, “Os Crimes de Grindelwald” chega mais perto do ritmo e do encanto de Harry Potter. Deve muito ao roteiro “montanha-russa”, jargão antigo do cinema para filmes que têm ação ininterrupta e, principalmente, aos atores encarregados dos personagens fundamentais da trama.
Eddie Redmayne ainda é uma incógnita. Supervalorizado com um Oscar prematuro e imerecido para sua personificação do cientista Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, alterna bons desempenhos (“Sete Dias com Marilyn”) e atuações desastrosas (“O Destino de Júpiter”).
Como o herói Newt Scamander, empresta fragilidade e timidez quase nerd ao jovem que carrega seus animais fantásticos numa pequena mala. Os bichos são suas armas nas situações de perigo. Com o perdão dos fãs de J.K. Rowling, a essência do personagem lembra um pouco a animação “Pokémon”.
Mas Redmayne corre o risco de virar coadjuvante numa saga que tem dois atores acostumados a arrebatar plateias. Johnny Depp, como Grindelwald, e Jude Law, no papel de Dumbledore, fazem um duelo de charme que ganhará destaque no próximo filme da franquia. Os dois passam a impressão de estarem se divertindo muito no set.
Apagado em cena está Ezra Miller, o Flash do recente “Liga da Justiça”. É outro que interpreta um tipo que deve crescer na trama da saga, o órfão Credence Barebone, bruxo poderoso que Dumbledore quer a seu lado.
Assim, prometendo mais intensidade dramática nos longas futuros, “Os Crimes de Grindelwald” fica como um episódio intermediário na franquia. Sem o ineditismo de um novo mundo pré-Harry Potter, revelado no filme de 2016, essa sequência é uma sucessão de bons pegas entre criaturas fantásticas, que até disfarçam um roteiro simplório. Que venha o terceiro, suplicam os pottermaníacos.
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