Pollock não atinge valor mínimo em leilão, e MAM-Rio deixa de vender tela

Expectativa era que quadro chegasse a US$ 18 milhões; obra foi doada ao museu carioca por Nelson Rockefeller

Danielle Brant
Nova York

Grande estrela de um leilão da Phillips nesta quinta (15), a tela “Número 16” (1950), do americano Jackson Pollock, não atingiu o lance mínimo desejado pelo Museu de Arte Moderna do Rio, que, sem dinheiro, pretendia vender a obra para levantar recursos.

Pintura "Número 16", de Jackson Pollock
Pintura "Número 16", de Jackson Pollock - Divulgação

A expectativa era que o quadro fosse arrematado por mais de US$ 18 milhões (cerca de R$ 68 milhões), mas, quando o valor estipulado pelo leiloeiro não passou de US$ 15,7 milhões, a venda não se concluiu.

A tela foi dada de presente ao MAM do Rio, em 1952, pelo ex-vice-presidente americano e empresário Nelson Rockefeller, que havia adquirido a obra pouco antes por US$ 306.

A decisão do museu gerou controvérsia no circuito da arte no Brasil e encontrou resistência do Instituto Brasileiro de Museus. Mas, diante da situação financeira preocupante do MAM, o Ministério da Cultura deu aval para a venda do único Pollock acessível a visitação pública no Brasil.

O artista americano desenvolveu uma técnica na qual controlava a aplicação das linhas sobre o plano. No caso do “Número 16”, usou entre os materiais tinta prata aplicada no revestimento de radiadores.

O quadro de Pollock fazia parte do lote 23 da casa. Até então, o leilão vinha tendo um resultado irregular. 

Cinco telas haviam superado a faixa superior da Phillips, com destaque para o “Femme dans la Nuit” (1945), do espanhol Joan Miró, que foi arrematado com um lance de US$ 19,8 milhões —a máxima esperada era de US$ 18 milhões. 

Quadro “Femme dans la Nuit” (1945), do espanhol Joan Miró
Quadro “Femme dans la Nuit” (1945), do espanhol Joan Miró - Divulgação

Outro destaque, “Gun” (1981-1982), de Andy Warhol, ficou em linha com o previsto pela casa, depois de ser vendido por US$ 8,2 milhões (valores não consideram taxas). O esperado era que o comprador desembolsasse entre US$ 7 milhões e US$ 10 milhões.

Mas alguns quadros foram vendidos por um valor abaixo da faixa mínima. Foi o caso dos dois trabalhos do americano Jean-Michel Basquiat, que não alcançaram o preço menor, mas, ainda assim, foram arrematados.

Na vez do Pollock, a surpresa do lance bem abaixo do mínimo contratado com o proprietário, apesar dos esforços do leiloeiro Henry Highley em tentar criar uma atmosfera de disputa que claramente não existiu. 

“O que não dá para entender é que teve um leilão na Christie’s há dois dias e [um quadro de Pollock] deu US$ 50 milhões”, explicou Jones Bergamin, diretor da principal casa brasileira de leilões de arte, a Bolsa de arte.

O quadro a que Bergamin se referiu é o “Composition with Red Strokes”, vendido em leilão da Christie’s em Nova York por US$ 55,4 milhões.

“A gente estava na expectativa porque os compradores, antes da venda, a gente sabe que tem um ou outro que poderiam comprar. E não apareceu ninguém”, diz.

Para ele, isso significa que o quadro vale menos que isso, de US$ 14 milhões a US$ 15 milhões. Com isso, a tela agora volta para o Brasil, embora sejam remotas as chances de que ocorra uma venda privada, na avaliação de Bergamin.

Além do Pollock, ao menos outros dois destaques não foram vendidos por terem o preço bem abaixo do esperado: “Grande Legno e Rosso” (1957-1959), de Alberto Burri, e um sem nome de Christopher Wool.

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