Programação de cinema foi um dos trunfos do festival Mimo em Olinda

Para Lu Araújo, criadora do Mimo, edição foi uma das mais felizes de sua história

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Olinda

Permeando a programação do Festival Mimo, realizado em Olinda (PE) entre a sexta (23) e o domingo (25), as exibições de filme em sessões cheias no mercado e a céu aberto, em frente à Catedral da Sé, também foram pontos altos da edição de 15 anos do projeto. 

Sob curadoria de Rejane Zilles, a mostra teve ano com inscrições recorde —foram 182 produções. O destaque ficou por conta do convidado "Betty - They Say I'm Different", do jornalista britânico Phil Cox, que conta a história da rainha do funk americano e ex-mulher de Miles Davis (1926-1991).

Ignorada por anos, a cantora, definida por Miles Davis como "a Madonna antes de Madonna e o Prince antes do Prince", foi marco do movimento negro por ser uma das primeiras mulheres a produzir suas próprias músicas, além de ter sido essencial para tornar o trompetista de jazz mais acessível e popular. O filme, exibido com a presença do diretor, mostra sua trajetória e sua misteriosa reclusão. 

Outro projeto que se debruçou sobre a história de uma figura peculiar da música foi  “Você Não Sabe Quem Eu Sou”, de Alexandre Petillo, Rodrigo Grillo e Rogério Correia, que acompanhou por quatro anos o vocalista do Ira!, Nasi. 

Entre os regionais, “Pesado - Que som é esse que vem de Pernambuco?", de Leo Crivellare, mostrou a resistência do heavy metal pernambucano em meio ao furacão de ritmos musicais do estado.

Com sessões cheias, "Mussum, um filme do Cacilds", de Susanna Lira, contou a história do comediante dos Trapalhões que começou a carreira como o primeiro vocalista do grupo carioca Os Originais do Samba. Outro ponto forte da curadoria foi a exibição de "Yzalú - Rap, Feminismo e Negritude", de Inara Chayamiti e Mayra Maldjian, sobre a rapper paulista.

Para a criadora do projeto, Lu Araújo, o saldo é de um dos anos mais felizes do Mimo, apesar dos pesares que envolveram a saída de dois grandes patrocinadores do festival e o adiamento das edições do Rio de Janeiro e São Paulo.

“Tenho certeza de que fiz as escolhas mais certas mantendo a unidade do conceito da cultura, do patrimônio histórico, da educação e da música e filmes de qualidade. Tenho muito orgulho de ter começado um projeto na contramão cultural do país, nascendo no Nordeste para só depois chegar no Sudeste”, diz.

Sobre o futuro do festival, ela se diz esperançosa. “Estou muito mais encorajada depois dessa edição. As coisas dão certo e a gente se auto alimenta, é como se fosse uma agricultura de subsistência cultural. Acho que daqui para frente os desafios vão ser enormes, mas medo de brigar e trabalhar eu não tenho”.

A repórter viajou a convite do festival.

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