Descrição de chapéu

Stan Lee soube dar forma ao universo Marvel e manter os talentos do selo em sua teia

Quadrinista tornou os quadrinhos atraentes em um mundo pós-Segunda Guerra Mundial

Stan Lee em dezembro de 2016 - Behrouz Mehri/AFP
São Paulo

Muito se questiona o papel do quadrinista Stan Lee como o criador dos principais super-heróis da editora Marvel Comics. Historiadores creditam ao desenhista Steve Ditko os principais atributos da personalidade do Homem-Aranha. Da mesma forma, Jack Kirby teria sido a mente por trás do desenvolvimento do Quarteto Fantástico, do Hulk, do Homem de Ferro e dos X-Men.

O estilo Marvel de fazer quadrinhos concebido por Lee explica a dinâmica do autor com seus colaboradores: ele entregava uma trama mínima, seus parceiros davam rumos às histórias e, posteriormente, ele encaixava os diálogos nos espaços dos balões.

O mérito maior de Lee foi dar forma ao Universo Marvel e torná-lo atraente em um mundo pós-Segunda Guerra Mundial. Ao assumir o cargo de editor-chefe do selo em 1961, ele passa a coordenar conexões entre as publicações da editora e moderniza o conceito de super-heróis.

Ele rompe com a ingenuidade tão atrelada ao gênero e à concorrente DC Comics, ambienta seus personagens na Nova York suja dos anos 1960 e vislumbra a ida da Casa das Ideias para Hollywood. O universo cinemático Marvel segue a essência do que ele desenvolveu nos anos 1960.

Stan Lee falou mais de uma vez publicamente como guardou seu nome de batismo, Stanley Martin Lieber, para sua vida literária. Seus méritos como escritor foram poucas vezes explorados. Seu personagem preferido, o hiperbólico Surfista Prateado, talvez seja a maior amostra de seus dotes literários limitados, repletos de excessos pouco inspirados impressionáveis apenas para leitores infantis.

Coube a ele dar feições mais maduras e descoladas aos super-heróis no contexto dos anos 60 e 70 e pode-se dizer que o gênero pouco evoluiu desde então, estando até hoje às sombras dos conceitos de Lee. Na história das HQs ele deveria ser lembrado por administrar as criações de uma equipe de artistas que editoras do gênero de heróis jamais voltaram a reunir.

É válida uma comparação de Lee com o lendário produtor dos Beatles, George Martin. Conhecido como o quinto Beatle, coube a ele conciliar os humores e as diferenças criativas dos músicos e dar liga às conexões entre John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star. Stan Lee tinha à disposição nomes como Kirby, Steve Ditko, Bill Everett, Don Heck e John Romita e uma constelação de personagens.

Mas ele jamais foi o quinto integrante da editora e sim o grande nome atrelado à Marvel.

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