Aquaman chega às salas de cinema depois de anos como uma piada da cultura pop

No longa, o herói barbudo e tatuado precisa assumir seu papel de herdeiro do trono de Atlântida

Rodrigo Salem
Los Angeles

No antigo desenho “Superamigos”, Aquaman era um nadador de calças verdes coladas e camisa de escamas amarelas. O Rei dos Mares cavalgava em cavalos-marinhos e falava telepaticamente com peixes. O personagem virou piada em séries como “Uma Família da Pesada” e “Entourage”.
 
“Ele é o herói que todo mundo adora tirar um sarro. É a piada do mundo dos super-heróis”, admite o diretor do novo filme do personagem, James Wan, à Folha. “Por outro lado, foi exatamente isso que me atraiu. Ninguém o respeita, é o azarão. Quero provar que Aquaman pode ser cool.”
 
Apesar de ter aparecido rapidamente em “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” (2016) e mostrado um lado mais rabugento em “Liga da Justiça” (2017), a viabilidade da saga do filho de uma rainha submarina com um humano normal será testada a partir desta quinta (13).

A fama do herói criado em 1941 por Paul Norris e Mort Weisinger estava tão em baixa nos corredores de Hollywood que o projeto passou por dois estúdios e diversos roteiristas até o cineasta Zack Snyder encontrar Jason Momoa (“Game of Thrones”) em um teste para o papel de Batman em “Batman vs Superman” e oferecer Aquaman para o grandalhão.

“Achei que ele estava brincando. Nunca imaginei que chegaria a ter um filme solo quando encontrei Zack. Agora, posso dizer que meus filhos deixaram o Batman de lado”, brinca o ator. “A ideia é brilhante. Quem vai tirar sarro de alguém como Jason Momoa?”, diverte-se Wan.
 
“Aquaman”, então, começou a virar realidade quando Wan demonstrou seu interesse para a Warner. Mesmo não tendo nenhum filme de super-herói no currículo, ele tem trânsito fácil no estúdio, já que comanda a franquia “Invocação do Mal”, a série cinematográfica mais lucrativa do cinema de horror na atualidade.

Jason Momoa em cena do filme de 'Aquaman'
Jason Momoa em cena do filme de 'Aquaman' - Divulgação

“Sempre quis filmar um longa de aventura para toda a família, como Steven Spielberg, George Lucas e James Cameron. Expliquei como ‘Aquaman’ era um filme de fantasia como ‘O Senhor dos Anéis’ e disse que só dirigiria o filme se fosse da minha maneira. Eles concordaram.”
 
A história segue Arthur Curry, conhecido nas HQs como Aquaman. Ele evita os atos heroicos mostrados em “Liga da Justiça” e prefere se isolar em um bar.

Mas o barbudo e tatuado (diferente do loiro de cara limpa dos gibis) precisa assumir seu papel como herdeiro do trono de Atlântida quando Mera (Amber Heard), uma princesa submarina, revela que o meio-irmão de Curry, Orm (Patrick Wilson), planeja liderar os exércitos oceânicos numa guerra contra a superfície.

“É a clássica história do herói relutante que passa por uma jornada até virar a pessoa que nasceu para ser”, conta Wan.
 
Rodado na Austrália com raras cenas submarinas (“ia ser o pior filme de ação da história se filmássemos embaixo d’água, com todos se movendo lentamente”, brinca Momoa) e muitos efeitos especiais para simular o oceano, “Aquaman” tem uma missão ainda mais ingrata: mostrar que há um futuro mais animador e divertido para o universo da DC depois das decepções protagonizadas por Batman e Superman nas bilheterias e entre os críticos.
 
A previsão de estreia do blockbuster de US$ 160 milhões gira em torno de US$ 65 milhões no primeiro fim de semana nos Estados Unidos. O filme chega ao país em 21 de dezembro.

Em cinco dias de exibição na China, “Aquaman” já rendeu US$ 118 milhões. Com esses números, o longa deve se tornar uma das maiores bilheterias de super-heróis no país asiático. Para se ter uma ideia, essas cifras iniciais são superiores às bilheterias totais de personagens mais conhecidos como “Liga da Justiça” (US$ 106 milhões), “Capitão América: Soldado Invernal” (US$ 115 milhões) e “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” (US$ 116 milhões). 

“Não sinto nenhuma pressão. Fiz meu trabalho”, afirma Jason Momoa.

“Aquaman é teimoso, mas não desiste e ataca o impossível. Sou como ele. Se precisar ser a ponte de uma nova DC nos cinemas, podem colocar tudo nas minhas costas.” 

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