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Após queixas, editora vai alterar volume recém-lançado sobre feminismo

Companhia das Letras irá retirar nomes de colaboradoras que dizem não ter participado de capítulo

São Paulo

“Explosão Feminista”, recém-lançada coletânea de textos sobre o feminismo, terá alterações em sua segunda tiragem e também em sua versão ebook. A mudança ocorre após reclamações da escritora e ativista Daniela Lima, citada como colaboradora do capítulo Feminismo Radical, da advogada e ativista Eloisa Samy. Segundo Lima, ela e outros nomes listados não participaram do texto, tampouco concordam com a opinião da autora.

Todos os capítulos do livro trazem ao fim nomes de colaboradores. Heloisa Buarque de Hollanda, que organizou a antologia, diz que pediu às autoras que entrevistassem outras mulheres para colocar mais vozes na publicação e deixá-la mais inclusiva. Lima e outras cinco pessoas —Aline Coelho, Angela Batista, Carol, Maísa Carvalho Costa e Maria Clara Bubna— têm textos, boa parte retirada de publicações na internet, citados no trecho assinado por Samy.

Depois das queixas —Lima falou diretamente à editora, mas outros nomes também se manifestaram em redes sociais—, a editora Companhia das Letras publicou uma nota de esclarecimento, na qual pedia desculpas às seis. Também informou que incluirá uma errata na próxima edição do livro (a primeira teve tiragem de 4.000 exemplares) e irá retirar os nomes de sua versão ebook.

Em nota à Folha, a editora afirma também que "todos os textos incluídos na coletânea foram autorizados".

Antes, porém, Samy e seu capítulo foram o centro de outra controvérsia na terça (4), durante lançamento do livro em São Paulo. Algumas autoras criticaram o posicionamento radical de Samy, como excluir transexuais do movimento feminista —para ativistas radicais, mulheres trans não sofreram, desde o nascimento, das mesmas pressões sociais que mulheres cisgênero. E questionaram Buarque de Hollanda, por incluir Feminismo Radical no tomo.

​A organizadora, hoje professora do departamento de literatura da UFRJ, referiu-se “de modo infeliz” ao capítulo, como ela mesma explica em nota de desculpas, publicada em suas redes sociais. "Na hora, leram um pedaço que era muito pesado, e eu tive uma expressão muito infeliz, de dizer que era um texto 'delirante'", conta Buarque de Hollanda.

Segundo diz, a autora não concorda com o posicionamento de Samy, mas acreditou que seria importante abarcar distintas visões sobre o feminismo no livro. "Como eu queria fazer um panorama, tirar isso seria um absurdo", explica ela.

"Acho que é um livro importantíssimo, que faz um panorama do calor da hora. Por causa desse calor, acho que pegou fogo."

Mais tarde, no dia 6, Samy publicou nas redes sociais um texto em que afirma que processará Buarque de Hollanda e a Companhia das Letras por “violação de direitos autorais e danos morais”.

Segundo ela, em nenhum momento teria sido informada pela autora ou pela editora que seu texto entraria como capítulo no livro. Buarque teria pedido um texto seu e ela, Samy, escreveu achando que serviria como fonte de pequisa.

Questionada sobre o caso, a Companhia das Letras não respondeu.

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