Atriz de 'Orange Is The New Black' acusa ator Geoffrey Rush de assédio

Yael Stone afirma que ele agiu de forma inapropriada durante montagem de peça

São Paulo

​Em entrevista ao jornal The New York Times, a atriz Yael Stone afirmou que o ator australiano Geoffrey Rush agiu de "maneira inapropriada" quando ambos estavam em cartaz com a peça teatral "The Diary of a Madman", em 2010. 

Segundo a atriz, que interpreta Lorna em "Orange Is The New Black", o ator chegou a colocar um espelho no chuveiro dela no camarim, dançou pelado na sua frente, enviou mensagens eróticas e chegou a tocar as costas da intérprete de uma "forma muito sensual". 

Geoffrey Rush na pré-estreia de 'Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar', em Los Angeles, em 2017
Geoffrey Rush na pré-estreia de 'Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar', em Los Angeles, em 2017 - Valerie Macon/AFP

Rush divulgou um comunicado afirmando que as queixas de Stone são "incorretas e, em alguns casos, completamente tiradas de seu contexto".

O ator disse ainda que ela ficou emburrada na ocasião pelo "entusiasmo espirituoso" que ele traz aos trabalhos.

Na entrevista ao jornal americano, ela conta que ambos dividiram o camarim e que os chuveiros eram contíguos. Em uma certa ocasião, lembra, notou um pequeno espelho de barbear implantado no box.

"Eu tinha que manejar situações desconfortáveis sem ofendê-lo", disse. "Não considerei falar com ninguém a respeito. Ele era um astro enorme. O que fariam? Demitiriam Geoffrey para me manter?"

Essa não é a primeira vez que Rush responde por denúncias do tipo.

A atriz Yael Stone, ao centro, em cena de 'Orange Is The New Black'
A atriz Yael Stone, ao centro, em cena de 'Orange Is The New Black' - Divulgação

Em dezembro do ano passado, o ator de "Piratas do Caribe" e vencedor do Oscar por "Shine" pediu demissão da Academia de Cinema da Austrália, que ele presidia. A decisão foi tomada porque o ator de 67 anos teria praticado "condutas impróprias" enquanto trabalhava na Companhia de Teatro de Sydney.

Não há detalhes mais específicos sobre o que ele teria feito nem sobre quem é a vítima que o acusou na ocasião, mas a imprensa australiana indicou que as queixas se referiam ao período em que Rush estava em cartaz com "Rei Lear", em 2015 e 2016.

O ator negou as acusações.

"Desde o momento em que soube dos rumores de denúncia, falei imediatamente com a direção da Companhia de Teatro de Sydney pedindo um esclarecimento dos detalhes do comunicado. Eles se negaram a me dar detalhes", disse, em nota divulgada pela rede ABC.

Rush é um premiado ator. Além do Oscar, já ganhou os prêmios Emmy (voltado à TV) e Tony (do teatro).

​​​Veja outros casos de assédio.

Harvey Weinstein
No caso que foi o estopim para a avalanche de acusações em Hollywood, o outrora poderoso produtor  é acusado de ter assediado e estuprado mulheres ao longo de três décadas. Entre as vítimas estão Angelina Jolie, Ashley Judd e Gwyneth Paltrow. Bob Weinstein, irmão de Harvey, também foi acusado de assédio.

Kevin Spacey
O ator foi acusado pelo colega Anthony Rapp de o ter assediado fisicamente quando a vítima tinha 14 anos. O ator mexicano Roberto Cavazos fez acusações semelhantes. Após as acusações, a Netflix suspendeu a última temporada da série "House of Cards" e afastou o ator do programa, além de cancelar o lançamento do filme "Gore", protagonizado por Spacey.

Louis C.K.
O comediante e diretor confirmou as acusações de assédio sexual feitas contra ele por cinco mulheres, publicadas em reportagem do "New York Times". Em dois relatos, o comediante se masturbou em frente a atrizes sem o consentimento delas. Após as denúncias, a estreia do filme "I Love You, Daddy", de Louis C.K., foi cancelada. A Netflix também cancelou a produção de um especial com o comediante.

James Toback
Segundo o "Los Angeles Times", mais de 30 mulheres denunciaram o diretor e roteirista de cometer assédio sexual. Autor da reportagem, Glenn Whipp disse ter sido contatado por 193 mulheres com acusações semelhantes contra Toback, autor do roteiro de filmes como "Bugsy" e "O Apostador".

Roman Polanski
Além de ter estuprado uma garota de 13 anos em 1977, o cineasta franco-polonês também é alvo de, pelo menos, outras quatro acusações contra mulheres menores de idade, entre elas a atriz Charlotte Lewis. Em Paris, uma retrospectiva de sua obra foi alvo de críticas por um grupo feminista.

Dustin Hoffman
O ator é acusado de ter assediado sexualmente a escritora Anna Graham Hunter, então com 17 anos, no set do telefilme "A Morte de um Caixeiro-Viajante", em 1985. Ele teria falado de sexo para ela e a apalpado. Hoffman se desculpou e disse que aquilo não "reflete" quem ele é.

Brett Ratner
A atriz Natasha Henstridge diz ter sido forçada a fazer sexo oral no diretor de "A Hora do Rush" e "X-Men: O Confronto Final" nos anos 1990. Além dela, outras atrizes e modelos, como Olivia Munn e Jaime Ray Newman, também relatam casos semelhantes envolvendo ele. Rattner nega as acusações.

Ed Westwick
O ator conhecido por "Gossip Girl" foi acusado de estupro por Kristina Cohen e Aurélie Wynn. Ele nega. A polícia de Los Angeles abriu investigação sobre o primeiro caso. Com isso, a BBC suspendeu a exibição "Ordeal by Innocence". As gravações já iniciadas da segunda temporada de "White Gold", da Netflix, também foram suspensas.

John Lasseter
O diretor da Pixar e dos filmes "Toy Story" e "Vida de Inseto" decidiu tirar licença de seis meses após admitir erros ligados a condutas de assédio sexual. Colaboradoras reclamaram de um excesso "invasivo" de abraços e outras situações desconfortáveis. 

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