Brasileiro escreve biografia dos Monkees, fenômeno televisivo dos anos 1960

Banda fake foi abandonada por fãs após revelação de que não tocavam os instrumentos nos discos

Thales de Menezes
São Paulo

Entre artistas pop que têm lugar na memória afetiva do público brasileiro, os Monkees são aqueles com menos material disponível para consulta. A falta de livros em português sobre o quarteto de estrondoso sucesso começa a ser revertida, com um lançamento em São Paulo.

“Love Is Understanding - A Vida e a Época de Peter Tork e os Monkees” chega para preencher essa lacuna. Escrita pelo carioca Sergio Farias, que lançou anteriormente “John Lennon - Vida e Obra”, a biografia nasceu das dificuldades que ele encontrou quando era fã do grupo.

“Comecei a ver os Monkees em 1975, numa das inúmeras reprises na TV”, diz Farias à Folha. “Era criança e, para mim, aquilo era novo. Descobri depois que era dos anos 1960 e fui atrás de informação, mas não encontrei nada.”

quatro homens com visual anos 60 de camisas iguais vermelhas
Davy Jones, Peter Tork, Michael Nesmith e Micky Dolenz, os Monkees, nos anos 1960 - Reprodução

O grupo foi criado para a série “The Monkees”, que teve duas temporadas. Seus 58 episódios foram ao ar nos Estados Unidos entre 12 de setembro de 1966 e 25 de março de 1968. No Brasil, estreou em 1967.

Em menos de dois anos, o quarteto se transformou numa febre mundial. Hoje, soma mais de 63 milhões de discos vendidos.

Para atrair fãs dos Beatles, executivos de TV reuniram Micky Dolenz (bateria e vocal), Davy Jones (vocal), Michael Nesmith (guitarra) e Peter Tork (baixo).

“Queria entender porque o grupo, depois do estrelato mundial, tinha caído no ostracismo”, conta Farias, que mal conseguia falar quando encontrou pela primeira vez Dolenz, Tork e Nesmith reunidos (Jones morreu em 2012, de infarto). “Era muita emoção.”
 

Farias usa como fio condutor a história de Tork, 76, o único Monkee que não tinha uma biografia individual publicada.

Assumindo na série o papel de bobão do grupo, Tork era na verdade o Monkee mais integrado ao mundo do rock. Foi amigo de Jimi Hendrix e Janis Joplin e atuou como uma espécie de padrinho do trio Crosby, Stills & Nash, que nasceu quando seus integrantes moravam na mansão de Tork. 

Com o sucesso, ganhou tanto dinheiro que abrigava amigos em sua casa e mantinha conta aberta em lojas para que pudessem fazer compras para que ele pagasse depois.

Ativa até 1971, a banda sofreu um abalo forte ainda em 1967, quando Nesmith revelou que nenhum deles tocava os instrumentos nos dois primeiros discos, reforçando a imagem de banda pré-fabricada

Com experiência como atores e músicos antes da série, eles tomaram o controle da parte musical e lançaram seu primeiro disco de verdade, o autoral “Headquarters”, mas o estrago estava feito. Sem a TV, o público se afastou.
 

Tork perdeu o dinheiro e chegou a servir mesas na Califórnia. O livro conta as vidas dos ex-integrantes após a separação, entrelaçadas por tentativas de volta em turnês nostálgicas.

“Love Is Understanding”, publicado pela editora portuguesa Chiado Books, está à venda em livrarias brasileiras.
 

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