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Entre o final dos anos 1960 e a década de 1970, poucos homens de imprensa incomodaram tanto a ditadura militar quanto Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988).
Em publicações como "O Pasquim", os personagens do cartunista satirizavam a repressão do governo e o moralismo da família brasileira.
Às vésperas dos 50 anos do AI-5, decretado em 13 de dezembro de 1968, quando a censura se tornou mais severa, estreia o documentário "Henfil", dirigido por Angela Zoé.
O timing do lançamento é ótimo. O filme nem tanto.
A diretora busca solução original ao acompanhar jovens que aprendem a desenhar os personagens do autor mineiro e preparam uma animação.
É uma oportunidade de rever criações como a Graúna, primor do traço minimalista de Henfil. Mas as passagens em sala de aula não trazem surpresa ou encantamento. Aquilo que parecia uma boa ideia resulta fraco, na prática.
Mais convencional, outra via percorrida pelo documentário reúne depoimentos de gente próxima. Companheiro de Henfil na fase mais brilhante do "Pasquim", Ziraldo comenta o domínio técnico do amigo. Mas por que não se restringir aos melhores depoimentos? Ao acumular platitudes, o filme patina.
Nas gravações de época, Henfil faz micagens para a câmera, como um Chaplin obsceno. Passagens assim, aparentemente prosaicas, ganham força poética. O homem que ria do poder também sabia rir de si mesmo.
Existem virtudes, mas elas surgem de modo esparso. Ao fim, fica a sensação de que Henfil merecia outro filme, tão corajoso quanto ele foi.
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