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Em ótimo show, Gal Costa volta aos anos 1970 com canções novas e antigas

Na estreia da turnê do disco, a cantora costurou no repertório sucessos dos 53 anos de carreira

A cantora Gal Costa
A cantora Gal Costa - Keiny Andrade/Folhapress
Thales de Menezes
São Paulo

"A Pele do Futuro", novo álbum da cantora Gal Costa, foi elogiado e saudado como uma incursão no som dos anos 1970, notadamente na disco music. Agora, dois meses após o lançamento, sua transposição para o palco é ainda mais contundente nessa proposta.

Na estreia da turnê do disco, no sábado (1º), o público paulistano que foi ao Tom Brasil acompanhou uma apresentação engenhosa, que costurou no repertório alguns sucessos dos 53 anos de carreira da artista, privilegiando a década de 1970.

Quando as luzes foram acesas, Gal, 73, respondeu à ovação entusiasmada da plateia lotada com "Dê um Rolê", original dos Novos Baianos de 1971. Como se quisesse informar logo de cara que aquele não seria um show nostálgico, cantou em seguida "Mãe de Todas as Vozes", de Nando Reis, uma das faixas mais poderosas do novo álbum.

Na banda, destaque para o guitarrista Pedro Sá, responsável por solos que deram tons bem roqueiros a algumas músicas, e o baterista Pupilo, também produtor do disco.

Continuando as idas e vindas no tempo, Gal retornou a 1968 para tirar do álbum "Tropicália" a canção "Mamãe Coragem", de Torquato Neto e Caetano Veloso, que ela cantou nesse disco que lançou e definiu o tropicalismo.

Mais Caetano na sequência, com "Vaca Profana", música que abre "Profana", disco de Gal de 1984. Sua performance nessa canção foi marcante na noite. Depois de alguns titubeios na três músicas de abertura, ela se soltou em "Vaca Profana", para assumir um canto forte, às vezes gritado, vigoroso. Começou ali a arrebatar a plateia.

Ela emendou "Viagem Passageira", recente de Gilberto Gil de onde foi tirado o título do álbum "A Pele do Futuro", com "London London" (1971), a canção do exílio de Caetano Veloso. Foi o primeiro momento de entrega total do público, que cantou o refrão para Gal.

Mais resgate do passado veio com "As Curvas da Estrada de Santos", clássico de Roberto e Erasmo safra 1969. O jeitão de blues mostrado em "Lágrimas Negras", música de Jorge Mautner que ela gravou em 1974, trouxe um pedacinho mais calmo ao show, mas logo depois a plateia voltou a cantar alto, com "Que Pena". Gravada por Gal em 1969, tem o balanço matador de Jorge Ben Jor, na época ainda Jorge Ben.
A cantora ficou então acompanhada apenas pelo tecladista Chicão, em dois números bem diferentes: "Volta", de Lupicínio Rodrigues, e "O Que É Que Há", de Fábio Jr., numa reunião que funcionou bem no palco.

A gangorra de músicas novas e antigas prosseguiu. Uma boa sacada foi emendar "Minha Mãe", de Jorge Mautner e César Lacerda, que ela gravou no novo álbum com Maria Bethânia, e a eterna "Oração de Mãe Menininha".

"Realmente Lindo", de Tim Bernardes, foi seguida por um dos maiores hits de Gal, "Chuva de Prata", de Ed Wilson e Ronaldo Bastos, a segunda na noite extraída do álbum 'Profana".

Já perto do final, Gal disparou duas canções de "A Pele do Futuro" com todas as condições para entrar em suas antologias: "Sublime", de Dani Black, e "Cuidando de Longe", composta por Marília Mendonça. O dueto de Gal e Marília registrado no disco já é sucesso nacional.

Depois de encerrar o show com "Azul", de 1982, Gal foi obrigada a voltar para o bis, com a plateia pronta para dançar. E os fãs não ficaram decepcionados com um longo medley de músicas de Carnaval, que incluiu "Balancê", "Massa Real" e "Festa do Interior".

Assim, o público foi embora completamente satisfeito e um tanto suado.

Gal Costa

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