Festival reduz orçamento e assume perfil de evento de rua na praia da Pipa

Shows gratuitos do Fest Bossa e Jazz serão na via principal da região

Carlos Bozzo Junior
Tibau do Sul (RN)

Em um formato mais enxuto, tem início nesta quinta-feira (13) o Fest Bossa e Jazz, na praia da Pipa, no Rio Grande do Norte.

Com nove anos de existência, e na sua 18ª edição, o evento que segue até domingo (16) assume a pegada de festival de rua, diferentemente do proposto nas edições anteriores, nas quais apresentou atrações nacionais e internacionais em um palco —com estrutura de uma grande arena de shows—​, reunindo cerca de 13 mil pessoas por noite, em um terreno de 18 mil metros quadrados.

A avenida Baía dos Golfinhos, principal de Pipa, é onde acontece o “footing” local e agora, o festival, na região litorânea que fica a cerca de 80 quilômetros de Natal.

Repleta de lojas, bares e restaurantes, a via terá muita música, por meio de shows gratuitos que estarão no percurso dos pedestres. Os espetáculos acontecerão simultaneamente em cinco polos espalhados pela avenida. Quem perder algum show terá a chance de vê-lo, no dia seguinte, nos polos da praia, montados em bares da orla.

A ideia é levar —de maneira confortável e divertida— o festival para o público, e não o público para o festival.

“Como as pessoas estarão de pé, os shows são curtos, ‘pocket shows’, para que elas não se cansem. A maioria terá a duração de 40 minutos, mas haverá shows de 1h15 de duração, como o do grupo Blues Etílicos, da cantora Taryn Szpilman e da banda Parahyba Ska Jazz Foundation”, disse à Folha Jussara Figueiredo, idealizadora e produtora do festival, que realizava o evento com cerca de R$ 500 mil, e nesta edição trabalhou com um orçamento de R$ 200 mil.

Há seis anos o festival está habilitado a captar dinheiro pela Lei Rouanet, mas, segundo a produtora, nunca efetivou uma captação.

“Eu nunca consegui um tostão. As empresas com dinheiro para aplicar na Lei Rouanet estão em São Paulo, e elas se interessam por locais mais populosos, como Pernambuco e Bahia, que têm mais público e um consumo maior. Aqui é um estado pequeno e menos abastado. Elas [as empresas] não mostram interesse nesse festival”, disse Figueiredo.

Para sua realização, o evento conta com o apoio conjunto da Prefeitura Municipal de Tibau do Sul (município a que pertence praia da Pipa), da Associação dos Hoteleiros de Tibau do Sul e Pipa (ASHTEP), de comerciantes locais e da comunidade.

Segundo a produtora, o novo formato permitiu, além de trazer à luz mais atrações locais, aumentar o número de apresentações.

“Estamos saindo de uma formatação na qual tínhamos seis grandes apresentações, três por dia, para 48 apresentações menores. Com isso, ganhamos em diversidade e na descoberta de muita gente boa que está aí e não tem chance”, disse, aludindo à cantora Dayanne Nunes, de Mossoró (RN) que, por meio do jazz, bossa, samba, maxixe, coco e maracatu, projeta sua límpida e bonita voz, acompanhada pelo som do violão de Diego Nunes e da percussão de Dinei Teixeira.

Cortejos embalados pelos sons do jazz, xote e xaxado, vindos do banjo, trompete, trombone, tuba e washboard da performática Bossa & Jazz Street Band, formada por seis músicos e maestros de filarmônicas do interior do estado, irão transitar entre os shows.

Em formação reduzida, a orquestra filarmônica Monsenhor Honório, formada por 62 membros, que têm entre dez e 75 anos de idade, reúne 30 de seus integrantes para também alegrarem a festa de rua.

Oficinas, workshops, masterclasses e bate papos oferecidos gratuitamente para a comunidade são outras atrações do festival. Entre eles, destacam-se o workshop do gaitista Flávio Guimarães, e a masterclass do trompetista Antônio de Pádua, que apresentará seu novo método para o instrumento.

O jornalista viajou a convite da organização do festival
 


Fest Bossa & Jazz
De 13 a 16 de dezembro. Av. Baia dos Golfinhos, praia da Pipa, Rio Grande do Norte. Gratuito. Programação completa em festbossajazz.com.br/programacao/
 

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