Keith Richards sugere que turnê dos Stones é a última e diz que parou de beber

Prestes a completar 75 anos, guitarrista confirma que banda cogitou parar, mas diz que ele e Mick Jagger têm novas canções

São Paulo

Keith Richards, 74, parou de beber. Ou melhor: diminuiu drasticamente o consumo de álcool.

Prestes a completar 75 anos, em 18 de dezembro, o guitarrista inglês está sóbrio —ou quase— desde 2017, segundo afirmou à revista americana Rolling Stone.

“Já faz um ano”, disse Richards durante entrevista sobre as próximas datas da turnê atual dos Rolling Stones, “No Filter”, ressalvando que “às vezes” ainda toma uma taça de vinho.

É um passo e tanto para o músico, notório pelo abuso de substâncias —chegou a ser internado diversas vezes em clínicas de reabilitação para tratar os vícios em heroína e cocaína, embora tenha afirmado que "nunca tive problemas com as drogas, só com a polícia".

Seu uso intenso de substâncias o fez frequentar —e liderar— por meio século listas de apostas sobre quais estrelas do rock estão mais propensas a morrer em breve.

“Cansei da bebida, era hora de parar —com isso e com outras coisas também”, disse o músico.

Questionado se foi um ajuste difícil, Richards deu risada e disse que “sim, você pode dizer isso. Eu não estava mais me sentindo legal, não quero mais. Mas não percebo muita diferença [no dia a dia]”.

Presente na entrevista, o segundo guitarrista do grupo, Ronnie Wood, 71, que largou bebidas e drogas em 2010 após um diagnóstico de câncer, confirmou a informação e se disse feliz com a sobriedade do amigo.

“É um prazer ainda maior trabalhar com ele agora”, disse Wood.

“Ele está muito mais jovial. Mais aberto a ideias. Antes, eu ficava com medo de sugerir algo e ele ficar puto, mas agora ele responde: 'isso é legal, cara'.”

Segundo Wood, com o passar dos anos, a tolerância de Richards com o álcool foi ficando menor, e isso causava problemas.

“Não estava funcionando mais, sabe? O Keith que nós conhecemos e amamos tinha um limite alto, demorava para extrapolar e se tornar desagradável. Mas esse limite foi ficando cada vez menor, e ele percebeu isso.”

Em 2006, o músico precisou parar de usar cocaína —ele teve de passar por uma cirurgia no cérebro após lesionar a cabeça caindo de uma árvore.

Em 2015, Richards afirmou à BBC que ainda apreciava “um baseado [de maconha] pela manhã”.

Os Rolling Stones se preparam para uma série de apresentações nos Estados Unidos, em 2019, como parte da turnê “No Filter”, que celebra 57 anos de existência da banda e estava programada para terminar neste ano, mas foi prorrogada.

Questionado se eram verdadeiros os boatos de que o baterista Charlie Watts, 77, ansiava pela aposentadoria, Richards afirmou que “sim, essa talvez seja a última, não sei”.

O músico, contudo, prosseguiu descrevendo o prazer que sente ao se apresentar ao vivo.

“Me dê 50 mil pessoas e eu me sinto em casa. A banda toda se sente assim. Como eu e Ronnie costumamos brincar antes dos shows, 'vamos lá subir no palco e ter um pouco de tranquilidade'.”

Richards também revelou que ele e o vocalista Mick Jagger têm escrito novas músicas.

“Micke eu nos reunimos por uns dias em um estúdio, há cerca de um mês, só para brincar um pouco. Foi ótimo, levantamos algumas ideias com o [produtor] Don Was. Talvez role mais uma sessão em dezembro, mas eu não apostaria nisso”, completou, aos risos.

Já faz 13 anos que os Stones não lançam um disco de material inédito —o último foi “A Bigger Bang”, em 2005—, embora a banda tenha lançado o disco “Blue & Lonesome” em 2016, com versões de canções de artistas de blues que foram referência para a formação do conjunto inglês.

Naquele ano, o grupo esteve pela última vez no Brasil —com direito a festa madrugada adentro— e fez também uma histórica apresentação em Cuba, que virou documentário.

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