Madonna homenageia Penny Marshall: 'Abriu caminho às mulheres em Hollywood'

Morta na segunda (17), cineasta foi a primeira a dirigir bilheteria superior a US$ 100 mi e projetou Tom Hanks e Madonna

São Paulo

Morta na segunda-feira (17), a diretora Penny Marshall foi reverenciada pela classe artística de Hollywood, incluindo Madonna e Tom Hanks.

“Que sorte a minha ter te conhecido e trabalhado com você, Penny Marshall”, escreveu no Instagram a cantora, que foi dirigida por Marshall na comédia “Uma Equipe Muito Especial” (“A League of Their Own”, 1992).

No filme, Madonna interpretou uma jogadora de beisebol do time The Peaches na histórica campanha na liga feminina nos Estados Unidos em 1943 —para muitos, sua primeira atuação bem-sucedida na telona.

“Seu talento era tão grande quanto seu coração! E você abriu caminho para as mulheres em Hollywood. Deus abençoe você e sua família!”, completou a cantora.

Geena Davis, que estrelou “Uma Equipe Muito Especial”, também se manifestou:

“Penny levou tanta alegria a tanta gente, e sua falta será muito sentida. Serei eternamente grata a ela por ter me permitido fazer parte da equipe”, escreveu em rede social.

A diretora morreu em sua casa em Hollywood Hills, aos 75 anos, por complicações decorrentes da diabete, segundo Michelle Bega, uma porta-voz da família. “Estamos de coração partido”, disse Bega.

Marshall, que já havia enfrentado um câncer de pulmão, em 2013, falou sobre o desafio de produzir “Uma Equipe Muito Especial” durante entrevista ao jornal americano The New York Times, em 1992:

“Eu nunca havia trabalhado com tantas mulheres antes. Mas não queria fazer disso um filme de meninas; os problemas apresentados ali se aplicam a homens e mulheres. É algo meio 'não tenha vergonha dos seus talentos', uma questão universal.”

A diretora começou sua carreira como atriz, alcançando sucesso na série de televisão “Laverne & Shirley” (1976-1983), na qual contracenava com Cindy Williams —um dos maiores sucessos da TV americana à época.

“Quase todo mundo tem uma teoria sobre por que 'Laverne & Shirley' fez sucesso”, escreveu Marshall no livro de memórias “My Mother Was Nuts” (2012).

“Na minha opinião, foi simplesmente porque as personagens eram pobres, e não havia pessoas pobres na televisão, embora houvesse muitas delas sentadas em casa vendo TV.”

Ela estreou na direção conduzindo alguns episódios da série e depois fez carreira no ramo, até então dominado por homens.

Muito antes do MeToo, Marshall foi a primeira mulher a dirigir um filme que rendesse mais de US$ 100 milhões nos Estados Unidos, feito obtido com “Quero Ser Grande” (“Big”, 1988).

O filme foi protagonizado por Tom Hanks, que acabou indicado ao Oscar de melhor ator e teve sua carreira reerguida após dois fracassos de bilheteria nos filmes “The Burbs” (1989) e “Joe Versus the Volcano” (1990).

“Cara, como demos risada juntos! Gostaria de ainda poder fazê-lo. Amo você”, escreveu o ator em uma rede social.

Depois, com “Uma Equipe Muito Especial”, ela viu as bilheterias renderem US$ 132 milhões nos EUA e US$ 25 milhões em outros países.

Marshall também foi a segunda diretora a ter um longa indicado ao Oscar de melhor filme, com “Tempo de Despertar” (“Awakening”, 1990), estrelado por Robin Williams (1951-2014) e Robert De Niro e baseado em livro homônimo de Oliver Sacks.

Mais recentemente, ela dirigiu dois episódios da sitcom “According to Jim”, transmitida pelo canal ABC.

A diretora também atuou como produtora de diversos filmes, incluindo “Cinderella Man”, estrelando Russel Crowe.

“Ela fez a transição de uma estrela de seriado para uma diretora de cinema do primeiro escalão e deixou o máximo impacto em ambos os meios. Tudo isso sempre sendo relaxada, engraçada e totalmente despretensiosa. Tive muita sorte de tê-la conhecido e trabalhado com ela”, afirmou o ator e cineasta Ron Howard, 64.

Ator da série “Seinfeld”, Jason Alexander recordou ter realizado testes para atuar sob a direção de Marshall.

“Penny Marshall me fez passar por seis audições-teste para um papel que, no fim, não peguei. O que ela não sabia é que eu teria me submetido à avaliação dela para sempre. Era uma delícia estar naquela sala.”

David Silverman, produtor da série “The Simpsons”, recordou a participação da diretora no episódio final da primeira temporada —a primeira entre muitas aparições de famosos na animação.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.