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Marco Pigossi deixa novelas e vira homem aquático em série sensual

Recém-saído da Globo, ator paulistano está no elenco de 'Tidelands', da Netflix

Marco Pigossi em cena da série 'Tidelands'

Marco Pigossi em cena da série 'Tidelands' Jasin Boland/Netflix

Guilherme Genestreti
São Paulo

Entre as beldades e os fortões bronzeados que orbitam a série australiana “Tidelands”, o ator paulistano Marco Pigossi, 29, é o representante da brasilidade. 

Uma brasilidade que “está aqui nesse nosso gingado”, diz ele, que afirma seguir um conselho ouvido de Matt Damon num dia em que o americano visitou o set. “Meu personagem é mais sedutor, latino, então eu quis que se movesse assim, jogando para o lado.”

Depois de dez papéis em novelas na Globo, incluindo o de protagonista em trama das oito, Pigossi pulou no barco de Rodrigo Santoro, Wagner Moura e Alice Braga, e alça voo internacional como aposta brasileira da Netflix.

“Eu nunca tinha ouvido um ‘action’. Na primeira vez, pensei: ‘Caralho, é isso. Consegui’.”

Em “Tidelands”, que chegou ao streaming na sexta (14), ele interpreta um tipo sirênico, isto é, uma entidade mitológica aparentada das sereias. Essas criaturas, os tidelanders, vivem numa comunidade hedonista e estão em estado de eterna tensão com os humanos daquele lugarejo litorâneo no nordeste da Austrália. 

A trama irrompe quando Cal (Charlotte Best) recebe a soltura do centro de detenção juvenil em que passou os últimos dez anos. O irmão dela, Augie (Aaron Jakubenko), está metido em maracutaias com os tidelanders. A líder sirênica, Adrielle (Elsa Pataky), usará Dylan (Pigossi) para fazer o trabalho sujo e garantir a continuidade dos negócios.

Com o desenrolar, Dylan vai se mostrando aquele carregado de mais complexidade na história. E Pigossi, mesmo falando um idioma que não é o seu, sobressai num elenco em que, de resto, impera o tom canastrão, sobretudo entre as protagonistas femininas.

“É um personagem que não teria numa novela”, diz o ator. “Ali, o formato é muito fixo, por mais que eu tentasse diferenciar o piloto, o policial, o motorista de caminhão...”

Não que ele seja ingrato a seu passado na televisão aberta; pelo contrário. “A novela foi a melhor escola que tive. Por dez anos passei 12 horas por dia num set. Ajudou bastante.” 

Acontece que Pigossi não se diz muito um sujeito que traça planos de carreira. “Sou movido mais pelo tesão”, conta o intérprete, que decidiu dar um tempo na Globo para estudar na Inglaterra quando recebeu uma ligação da Netflix. 

Dias depois, ele já desembarcava nos entornos de Brisbane, na costa leste da Austrália. “Disseram que meu personagem nadava e que andava de moto. Ótimo, só tinha que me preocupar em atuar”, diz.

Ex-aluno do Dante Alighieri, escola particular tradicional em São Paulo, Pigossi nadou profissionalmente até o fim da adolescência. Só largou a piscina quando se apaixonou pelo palco, por volta dos 17. “Não tem nenhum artista na minha família, mas eu fui puxado para o teatro. Sempre tive uma sensibilidade”, conta. 

Já a experiência com moto que era exigida para viver Dylan ele tirou de um de seus passatempos. Entre uma novela e outra, cortou alguns países da América do Sul a bordo de duas rodas e acompanhado do pai, cirurgião plástico. Ainda planeja fazer um trajeto da Patagônia até o Alasca.

Criaturas míticas, como os tidelanders, não vão sumir de seu horizonte. Pigossi engata no ano que vem papel principal na série “Cidades Invisíveis”, vivendo um detetive às voltas com criaturas do folclore brasileiro. A produção, também da Netflix, terá o diretor Carlos Saldanha (“Rio”, “O Touro Ferdinando”) em sua estreia fora das animações. 

O ator tem ainda para 2019 o longa-metragem “A Última Chance”, baseado na história de ex-traficante que se redime graças às artes marciais.

Cogita também desenvolver uma história, escrita em parceria com Rodrigo Nogueira, e atuar nela.  A ideia é falar de um imigrante nos Estados Unidos e “das dificuldades que levam uma pessoa a ir para outro lugar”. Pigossi diz que só não topa dirigi-la. “Ainda não me meto a besta.”


Tidelands
Austrália, 2018. Elenco: Charlotte Best, Elsa Pataky, Marco Pigossi. 16 anos. Primeira temporada disponível na Netflix

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