Modernista Paul Klee terá mostra no CCBB em fevereiro

Projeto pode captar R$ 12,4 mi via Rouanet e começa por São Paulo; depois, segue para Rio e Belo Horizonte

Exposição

Exposição 'Paul Klee – Equilíbrio Instável' Fondation Beyeler, Riehen/Base

Maria Luísa Barsanelli
São Paulo

​O suíço-alemão Paul Klee será tema de uma grande exposição, com mais de cem obras, do Centro Cultural Banco do Brasil a partir de fevereiro do ano que vem.

"Paul Klee – Equilíbrio Instável" — inicialmente batizada de "Paul Klee, uma Viagem ao Brasil"— foi autorizada a captar R$ 12,4 milhões via Lei Rouanet —até agora arrecadou pouco menos da metade desse valor. A previsão de abertura é 13 de fevereiro, na unidade paulistana do CCBB, onde fica até 29 de abril. De lá, a produção segue para o Rio de Janeiro (de maio a agosto) e Belo Horizonte (de agosto a novembro). 

Segundo o projeto apresentado ao Ministério da Cultura, a mostra busca preencher uma lacuna: além de algumas participações na Bienal de São Paulo, Klee teria tido até hoje uma única individual no país, em 1951, no Masp.

A mostra é produzida pela Expomus, empresa que realizou outras grandes exposições no CCBB, como "O Triunfo da Cor: O Pós-Impressionismo" (2016), com obras do Museu d'Orsay, e "Picasso e a Modernidade Espanhola" (2015).

A curadoria é do Centro Paul Klee, de Berna, capital suíça, e a mostra contaria com pouco mais de cem obras, além de alguns vídeos, que representam a trajetória do artista plástico, um dos principais nomes do modernismo.

Nascido em 1879 em Münchenbuchsee, cidade próxima a Berna, Klee era um violinista de talento. Considerou uma carreira na música —chegou a tocar na orquestra sinfônica de Berna— e também arriscou a mão na poesia e na dramaturgia.

Mudou-se ainda na juventude para a alemã Munique, então um centro em ebulição artística. Já era um desenhista de técnica apurada, mas foi lá que expandiu as suas linguagens artísticas, passando por expressionismo, construtivismo, surrealismo e abstração.

Esse trânsito linguístico se deu em especial pelo encontro com nomes como o russo Wassily Kandinsky e o alemão Franz Marc, com quem constituiu o grupo Der Blaue Reiter (o cavaleiro azul), marco do expressionismo germânico.

Mas é em 1914, depois de viajar à Tunísia, que o artista de fato investe na pintura e na experimentação com a cor, que marcou sua obra. Klee dilatava as possibilidades da abstração, fracionando paisagens em mosaicos de pequenos quadrados, em tons distintos, que parecem se expandir para além da tela.

Mais tarde, atuou também como professor, na Bauhaus dos anos 1920, onde disseminou suas teorias sobre a cor, e, na sequência, na Academia de Arte de Düsseldorf.

No projeto enviado ao MinC, a lista preliminar de obras de "Paul Klee – Equilíbrio Instável"  reúne desde gravuras e estudos realizados ainda no fim do século 19 até os célebres quadrados coloridos feitos nos anos 1920 e 30. Também constam alguns bonecos de pano que criou para entreter Felix, seu filho.

O primeiro dos oito módulos da exposição no CCBB apresentaria a produção de Klee ainda na infância. O segundo, os trabalhos do período em que estudou desenhos em Munique e também anatomia. Em seguida, viriam retratos da família e obras de autodescoberta, como a série "Invenções" e uma sequência de cinco trabalhos em que ele mostra os estágios de seu processo, da ideia à produção.

Seu caminho ao abstracionismo, em especial as influências de Kandinsky e do francês Robert Delaunay, viria depois de seu contato com o teatro e seu encontro com a Bauhaus.

Por fim, surge o contexto político da Alemanha dos anos 1930, regime que o perseguiu e o levou ao exílio na Suíça, e seus últimos anos —morreu em 1940, aos 60. Os trabalhos derradeiros, muito influenciados pelas distorções cubistas do espanhol Pablo Picasso, trazem obras violentas, algumas em protesto ao nazismo.

Klee também representava ali as dificuldades que lhe trazia a esclerodermia, doença crônica que levou à degeneração de seus órgãos e comprometeu sua produção final.

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